Davos: Lagarde alerta que reabertura na China trará pressão inflacionária à Europa

Presidente do BCE diz que necessidade de compra de energia pela China podem pressionar preços porque oferta de combustíveis é menor

Roberto de Lira

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A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, alertou hoje no Fórum Econômico Mundial, que está sendo realizado em Davos, na Suíça, que a recente decisão da China de reabrir sua economia retirando restrições de circulação de pessoas por conta da pandemia, traz riscos de alta na inflação europeia.

Em debate no Fórum, que contou com a participação de Kristalina Georgieva, diretora-geral do FMI, de Bruno La maire, ministro da Economia e Finanças da França, do presidente do Banco do Japão, Kuroda Haruhiko, e do economista Lawrence Summers, Lagarde destacou que essa expectativa de alta se dá porque Europa e China competem por mais energia.

Segundo a CNBC, Lagarde comentou no painel “Perspectivas econômicas globais: este é o fim de uma era?” que a reabertura da China é “algo que será positivo principalmente para a China e para o mundo, mas teremos pressão inflacionária sobre muitos de nós, simplesmente porque o nível de energia que foi consumido pela China no ano passado foi certamente inferior ao que vão consumir este ano.

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De acordo com sua visão, o volume de gás natural liquefeito (GNL) que a China vai comprar ao do resto do mundo vai ser superior ao que se tem visto e não há tanta capacidade ociosa em termos de petróleo e gás. “Portanto, haverá restrições, haverá mais pressão inflacionária decorrente dessa demanda adicional”, comentou.

“Mantra”

Sobre a condução da política monetária, ela disse que para este ano “manter o curso é seu mantra”, indicando que o BCE deve continuar com a atual mentalidade e seus aumentos de taxas de juros, na expectativa de conter a inflação e fortalecer a Zona do Euro perante um cenário ainda imprevisível.

Em meio a um período de aumento de taxas e de inflação, Lagarde disse que acredita que os países da área do euro estão finalmente retornando aos seus “modos de competição” e saindo da “defensiva” de 2022. Ao mesmo tempo, Lagarde garantiu que o BCE “não fará nada além do necessário”, novamente reforçando sua posição de que a instituição continuará na mesma trajetória, como já havia mencionado em outras ocasiões recentemente.

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Lagarde ainda advertiu contra o excesso de gastos de governos para apoiar a atividade, ao comentar que “a política fiscal não deve forçar a política monetária a fazer mais”.

(Com Estadão Conteúdo)