Dados preliminares de PMI reduzem temores sobre recessão nos EUA e zona do euro, diz S&P Global

Média do PMI composto de EUA, zona do euro, Japão e Reino Unido subiu pelo segundo mês, de 48,5 em janeiro par 51,3 em fevereiro

Roberto de Lira

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Os dados preliminares dos Índices de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) das principais economias globais em fevereiro mostram uma “resiliência encorajadora” da atividade, especialmente com a retomada do crescimento da produção nos Estados Unidos e Europa, o que acalma os temores de curto prazo sobre recessões. A avaliação é de Chris Williamson, economista chefe de negócios da S&P Global Market Intelligence.

Ele alerta, no entanto, que a recuperação na economias desenvolvidas está desviada para os serviços, com a manufatura permanecendo em declínio. A desaceleração na indústria, segundo ele, ajudou a alimentar as pressões de preços mais baixos no setor, com o poder de precificação claramente mudando dos vendedores para os compradores “em meio à maior melhoria mensal nos prazos de entrega dos fornecedores desde 2009”.

A análise da S&P Global mostra que a atividade empresarial aumentou nas quatro maiores economias do mundo desenvolvido (o chamado “G4”) em fevereiro, recuperando-se após sete meses de declínio contínuo.

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A média ponderada do índice PMI composto de EUA, zona do euro, Japão e Reino Unido subiu pelo segundo mês, de 48,5 em janeiro para uma leitura de 51,3 em fevereiro, de acordo com as estimativas provisórias. Foi a primeira vez que essa média ficou acima de 50,0 desde junho do ano passado.

Os EUA tiveram crescimento pela primeira vez em oito meses e o Reino Unido voltou para uma leitura positiva após sete meses. Já a zona do euro cresceu pelo segundo mês consecutivo e o Japão manteve um crescimento modesto pelo segundo mês em sequência.

Essa expansão do “G4” foi impulsionada pelo setor de serviços, onde a atividade empresarial cresceu a uma taxa não vista desde junho passado, expandindo pela primeira vez em oito meses.

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Ganhos robustos no setor de serviços foram observados na zona do euro, no Reino Unido e no Japão, com um ganho mais modesto nos EUA, embora seja significativo por representar a primeira melhora desse tipo desde junho passado.

Segundo a S&P Global, no entanto, algumas das leituras aprimoradas do PMI do setor de serviços podem ser atribuídas a casos de clima mais quente do que o normal, o que impulsionou as atividades de serviços ao ar livre, como refeições ao ar livre, atividades recreativas ou serviços relacionados a outras atividades como a construção.

Manufatura fraca

Por outro lado, a atividade de manufatura continuou fraca, com a produção caindo pelo oitavo mês consecutivo. A taxa de contração esfriou, no entanto, para a mais fraca observada nos últimos oito meses, já que tanto a zona do euro quanto o Reino Unido relataram expansões modestas na produção. E o declínio nos EUA diminuiu para o mais lento nos últimos quatro meses.

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Já o setor manufatureiro do Japão contrariou a tendência, com a produção diminuindo a um ritmo acelerado, impulsionado em parte pela queda nas exportações, refletindo os fluxos comerciais globais moderados.

Parte da redução na taxa de declínio da produção manufatureira em todo o G4, e em particular a produção crescente observada na Europa, foi alimentada por melhores prazos de entrega dos fornecedores. Um vantagem dessas entregas mais rápidas foi o arrefecimento das pressões de preço. Enquanto a pandemia viu prazos de entrega mais longos associados a escassez e, portanto, poder de preço mais forte, a situação agora está se invertendo.

Consequentemente, o custo dos materiais fornecidos às fábricas aumentou em todo o “G4” na taxa mais lenta em 27 meses em fevereiro.

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Apesar disso, a taxa média de inflação de preços de bens no “G4” continua elevada pelos padrões históricos, superior a qualquer outra observada na década para a qual dados comparáveis ​​são disponíveis antes da pandemia.

Dúvidas

Para a S&P Global, uma questão-chave para o futuro próximo é se o retorno ao crescimento em fevereiro representa um ponto de inflexão, permitindo que os EUA e a Europa sejam capazes de evitar recessões.

“Fatores temporários sem dúvida impulsionaram o nível de atividade em fevereiro, principalmente no setor de serviços em meio a um clima mais quente do que o normal. Na manufatura, parte da melhoria da produção estava ligada à flexibilização das cadeias de suprimentos, o que pode apenas fornecer um impulso de curto prazo, a menos que a demanda aumente”, comenta a S&P Global.

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Segundo a análise, o mais encorajador é que os indicadores da pesquisa de expectativas de produção futura melhoraram nas quatro principais economias desenvolvidas em fevereiro, ficando acima ou chegando perto das médias de longo prazo. Isso sugere que as empresas estão se preparando para tempos melhores à frente, algo que foi corroborado pelas pesquisas mostrando que o emprego aumentou a uma taxa ligeiramente maior em fevereiro.

“No entanto, parte desse otimismo se baseia em que os bancos centrais abram suas políticas de aperto em meio a sinais de pico de inflação. Se mais aumentos de juros começarem a acontecer à medida que o cenário econômico melhorar, pode-se esperar que a confiança sofra outro golpe, caso em que o risco de recessão é apenas empurrado para o final do ano.”