Crise de oferta nos EUA abre espaço para carne bovina argentina

As exportações começaram a fluir no segundo semestre de 2019, mas aumentaram em abril em meio à paralisação do setor de carne

Bloomberg

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(Bloomberg) — Os problemas do setor de processamento de carne nos Estados Unidos criaram uma janela para importadores, e a Argentina aproveitou.

Os embarques de carne bovina da Argentina para os EUA aumentaram para 1.290 toneladas em abril, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA. Há um ano, importadores dos EUA haviam comprado apenas duas toneladas.

Abril é o mesmo mês em que os surtos de Covid-19 entre trabalhadores de frigoríficos dos EUA desencadearam uma onda de paralisações que reduziram a oferta local e impulsionaram os preços.

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Na verdade, as exportações argentinas de carne bovina já haviam começado a se recuperar sob o mandato do presidente Mauricio Macri, que terminou em dezembro. Macri negociou o acesso ao mercado americano, que foi reaberto à Argentina no fim de 2018, encerrando um veto iniciado em 2001 após um surto de febre aftosa.

Os exportadores precisaram de tempo para estabelecer redes de distribuição e, assim, abastecer os melhores restaurantes, hotéis e fornecedores dos EUA, que desejavam cortes na qualidade, disse Miguel Schiariti, presidente Câmara da Indústria e Comércio de Carnes e Derivados da República Argentina (CICCRA).

As exportações começaram a fluir no segundo semestre de 2019, mas aumentaram em abril em meio à paralisação do setor de carne nos EUA. Embora frigoríficos dos EUA tenham reaberto, ainda não retornaram à capacidade total. A Argentina responde por apenas 1% do total de importações dos EUA.

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“A Argentina conseguiu tirar proveito do déficit de oferta”, afirmou Schiariti. “Esta poderia ser uma oportunidade para fincar uma bandeira.”

Mesmo sob o comando do atual presidente Alberto Fernández, que prefere a intervenção à abordagem do mercado livre de Macri, o boom das exportações de carne bovina do país deve continuar.

O vizinho Uruguai também se beneficiou do déficit nos EUA, disse Marcelo Secco, presidente da associação Adifu. Em abril, 3.760 toneladas foram desembarcadas, o maior nível desde julho de 2019, segundo o USDA.

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Embora os embarques do Brasil para os EUA tenham dobrado em maio, o volume ainda foi pequeno, de 277 toneladas, comparado com o recorde de 83.942 toneladas embarcadas para a China, segundo dados do Ministério da Economia. Ainda assim, as exportações para os EUA podem continuar crescendo, já que a carne in natura do Brasil só recuperou acesso recentemente após ter sido vetada por problemas identificados em 2017.