Cresce temor de recessão no Japão com abalo do coronavírus e impostos

No último trimestre, o PIB encolheu a uma taxa anualizada de 6,3%, a maior queda desde o aumento de impostos em 2014

Bloomberg

Japão (Colton Jones/Unsplash)

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(Bloomberg) — A economia do Japão caminha para uma possível recessão depois de outro abalo causado pelo aumento dos impostos sobre vendas no último trimestre. O impacto é agravado pelo surto de coronavírus que atingiu a atividade no início de 2020.

Nos três meses até dezembro, o PIB do Japão encolheu a uma taxa anualizada de 6,3% em relação ao trimestre anterior, a maior queda desde o aumento de impostos em 2014, de acordo com estimativa preliminar do gabinete do governo na segunda-feira.

Pesquisa com economistas previa retração de 3,8%, sinalizando o impacto adverso do aumento de impostos, fraca demanda global e problemas causados por tufões. O resultado, muito pior do que o esperado, mostrou que parte da confiança do governo em medidas para amortecer o golpe do aumento de impostos estava equivocada.

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O resultado também levanta a possibilidade de que, com o surto do vírus ainda se espalhando, o primeiro-ministro Shinzo Abe pode ter que considerar outra rodada de gastos extras para sustentar o crescimento, pouco mais de dois meses após o pacote de estímulo mais recente.

“Estou me preparando para outra retração do Japão no primeiro trimestre. Simplesmente não existem fatores positivos para construir uma previsão de crescimento positiva”, afirmou Mari Iwashita, economista-chefe de mercado da Daiwa Securities, destacando sua visão de que a economia provavelmente está entrando em recessão.

Iwashita acredita que o governo vai preparar um orçamento extra, assim que ficar claro que a economia encolheu no primeiro trimestre.

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O governo Abe e o Banco do Japão esperavam um impacto menor do aumento de impostos em comparação com a experiência de 2014, quando a economia encolheu em mais de 7%. A alta de impostos desta vez foi menor, os alimentos ficaram isentos e o governo implementou uma série de medidas que visavam amenizar as flutuações na demanda.

Mas economistas disseram que algumas das medidas do governo, como descontos nos gastos em transações eletrônicas, tiveram impacto limitado, pois não atraíram um segmento da população, de maior faixa etária, que não está acostumada a plataformas de pagamento por telefone celular. Os números revelam a vulnerabilidade do consumo doméstico aos aumentos de impostos sobre vendas, segundo Takashi Shiono, economista do Credit Suisse.

Os dados mais recentes mostraram que o consumo privado despencou 11% no trimestre na taxa anualizada. As famílias reduziram as compras de carros, cosméticos e eletrodomésticos. Em 2014, a queda foi de 18%.

As empresas também diminuíram os investimentos em 14%, preferindo esperar por sinais de recuperação do choque tributário antes de se comprometerem com mais gastos.

Embora o acordo comercial inicial entre EUA e a China deva ter oferecido um forte impulso para investimentos neste trimestre, o surto inesperado de coronavírus pode, em vez disso, ampliar a cautela de empresas japonesas.

O vírus já suspendeu visitas de centenas de milhares de turistas chineses ao Japão no início do ano olímpico, atingindo uma importante fonte de receita. Quanto mais tempo o surto abalar a produção e a demanda domésticas no maior parceiro comercial do Japão, maior a probabilidade de impacto para exportadores japoneses e fornecimento de peças.

“Continuaremos prestando muita atenção ao efeito do vírus no turismo e na economia em geral”, disse o ministro da Economia, Yasutoshi Nishimura, em comunicado. “Dependendo do nível de emergência, tomaremos as medidas necessárias de maneira flexível e responderemos totalmente.”

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