Contratações temporárias crescem durante pandemia, diz associação do setor

Entre abril e junho, 17,1% das agências de trabalho temporário relataram crescimento nas contratações

Pablo Santana

(Gabriel Ramos/Getty Images)

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SÃO PAULO – Em meio à crise provocada pela pandemia de coronavírus, a contratação de trabalhadores temporários registrou crescimento nos últimos meses. O número de contratações realizadas pelas agências de trabalho temporário avançou 34%, saindo de 170 mil em fevereiro para 228 mil contratações em junho deste ano, segundo Marcos de Abreu, presidente da Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Assertem).

Um estudo feito pela associação revela ainda que durante o primeiro semestre de 2020, 47,5% das agências credenciadas afirmaram que chegaram a contratar mais de 500 trabalhadores temporários para os setores de saúde, alimentação, agronegócio, indústria e logística.

A maior parte das contratações do primeiro semestre foi realizada para cargos operacionais (69%), administrativos (25%) e de supervisão (6%), com média salarial de R$ 1.045 a R$ 2 mil (75%), de R$ 2.001 a R$ 3 mil (22,2%) e de R$ 3.001 a R$ 4 mil (2,8%).

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O trabalho temporário é uma modalidade regida pela Lei 6.019/74 e recentemente regulamentada pelo Decreto nº 10.060, assinado em outubro pelo presidente Jair Bolsonaro. A contratação temporária visa atender uma demanda de substituição transitória de pessoal, em períodos de férias, afastamentos, licenças, ou em períodos de demanda complementar.

A contratação desses trabalhadores deve ser feita com o intermédio de uma agência de trabalho temporário, homologada pelo Ministério da Economia, e o contrato de trabalho pode durar até 180 dias, consecutivos ou não.

Para a Assertem, o avanço se deve a alguns fatores: a regulamentação do trabalho temporário ter garantido maior segurança jurídica aos empregadores; as substituições de funcionários diagnosticados com Covid-19; e a criação dos hospitais de campanha.

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“Apesar de o trabalho temporário existir há 47 anos no Brasil, o decreto de outubro veio como um novo marco no setor e isso está contribuindo para a aceleração das contratações. Isso significou uma redução de quase 20% nos custos para a contratação de trabalhadores temporários”, afirma Marcos de Abreu.

Aceleração durante a pandemia

A aceleração foi vista mesmo no segundo trimestre do ano, período em que a pandemia se agravou e as medidas de restrições foram mais severas. No segundo trimestre, 17,1% das agências relataram crescimento na demanda por trabalhadores temporários na comparação com o primeiro trimestre do ano.

Conforme a pesquisa, de abril a junho, 52,8% das vagas foram ocupadas por trabalhadores na faixa etária entre 18 e 29 anos ; a faixa de 30 a 44 anos representou 44,4% dos contratos firmados e 2,8% tinham entre 45 a 60 anos. Do total de vagas, 72,7% foram preenchidas por homens.

O presidente da associação ressalta que as projeções para o segundo semestre são positivas. Ele acredita que julho e agosto devem manter o ritmo de crescimento, mesmo sendo considerados pelo setor meses fracos em contratações temporárias, porque antecedem o início das contratações massivas para as festas de final de ano, tanto na indústria, que ocorre em setembro, quanto no comércio, a partir de outubro.

“Nós estamos surpresos porque a pandemia mudou as ações das empresas e elas passaram a fazer mais contratações. Não estamos tendo o default previsto para os meses de julho e agosto e já registramos crescimento nas contratações neste ano”, diz.

Pablo Santana

Repórter do InfoMoney. Cobre tecnologia, finanças pessoais, carreiras e negócios