Contra a Covid-19, catedral centenária, SPAs e até a Disney viram centros de vacinação

Aeroportos, hotéis e parques de diversão viraram locais de testagem, hospedagem de profissionais de saúde e vacinação. Veja iniciativas pelo mundo

Lizzie Nassar

(Ash Mills/Divulgação Twitter Salisbury Cathedral)

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SÃO PAULO – O coronavírus já registrou mais de 2,2 milhões de óbitos pelo mundo. As mutações do vírus fazem países reviverem isolamentos do início da pandemia e conviverem com incertezas. Diversas indústrias continuam de mãos atadas, como o turismo, e o setor de saúde está sobrecarregado. Mas, com perdas diante da crise, a solidariedade cresceu entre grandes empresas: elas começaram a doar recursos e espaços vagos pelo mundo. Essa força-tarefa internacional tem feito parte do pano de fundo no combate à Covid-19.

Testagem, linha de frente e vacinação pelo mundo

Nos Estados Unidos, por exemplo, os aeroportos agora funcionam como locais de teste de vírus, incluindo Chicago O’Hare, Chicago Midway, Los Angeles International, Tampa, Newark e Minneapolis-St. Paulo. Dentro de muitos terminais, o XpresSpa substituiu massagens e serviços de manicure por testes rápidos de coronavírus. Alguns dos hotéis mais luxuosos do mundo, incluindo o Claridges, em Londres, e o Four Seasons, em Nova York, começaram a hospedar médicos e enfermeiras que atuam na linha de frente.

Na Califórnia, o Monterey Bay Aquarium emprestou um de seus freezers para um hospital nas proximidades da cidade de Salinas. O freezer especial pode manter temperaturas de 94 graus negativos, que são necessários para armazenar com segurança algumas vacinas contra o coronavírus.

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Até no mundo da fantasia, a Disneylândia, a rede de solidariedade já é realidade. O estacionamento do Disneyland Resort, em Orange County, na Califórnia, começou a servir como um super local de vacinação. A Disney na Califórnia está fechada desde meados de março de 2020.

Centro de vacinação criado no estacionamento do parque do Toy Story, na Disney, em Orange County, Califórnia
(Reprodução / Twitter/Leño)

O Reino Unido transformou catedrais em centros de vacinação. Na Inglaterra, a Catedral de Salisbury, uma das mais antigas igrejas no país, construída há mais de oito séculos, foi transformada em um centro de vacinação anticovid e os pacientes receberam a vacina ao som da música de um piano.

As boas ações se multiplicaram com a chegada da vacina. Com a intenção de acelerar o programa de vacinação, desenvolvido pelos governos, empresas de todas as áreas tomaram iniciativas.

Também nos Estados Unidos, a Feira Estadual da Virgínia Ocidental assinou um acordo já nas primeiras semanas da pandemia com o Departamento de Saúde do Condado de Greenbrier, prometendo o uso de suas instalações para testes, vacinação e até mesmo um hospital de emergência, se necessário. Fechado em 2020, seu terreno já foi o local para três clínicas de teste drive-thru gratuitas, que agora estão funcionando como um centro de vacinação para os residentes locais.

Em Washington, o estado estabeleceu uma parceria público-privada entre o departamento de saúde e líderes empresariais, de saúde e trabalhistas, apelidada de Centro de Comando e Coordenação de Vacinas do Estado de Washington. Já na Califórnia, o plano de saúde Kaiser Permanente será responsável por ajudar no planejamento de clínicas de vacinação em massa, enquanto o Starbucks ajudará na eficiência operacional.

“Não somos uma empresa de saúde”, disse o presidente do Starbucks, Kevin Johnson, durante entrevista coletiva. “Mas o Starbucks opera 33 mil lojas em grande escala, atendendo 100 milhões de clientes por semana, e temos uma equipe de engenheiros que estão trabalhando para apoiar a criação de centros de vacinação que podem ampliar o conforto, o cuidado e a segurança de cada pessoa que é vacinada.”

Já o presidente da Microsoft, Brad Smith, disse que fornecerá experiência em tecnologia, acrescentando que tem “confiança de que podemos levar vacinas a todos mais rapidamente por causa dessa iniciativa”. Smith acrescentou que a empresa fará parcerias com hospitais locais para administrar vacinas e para fornecer pessoal de apoio em escritórios da empresa que estão desocupados por causa da pandemia. “A meta é transformar os ambientes em locais de vacinação em massa em fevereiro”, disse Smith.

O Serviço Nacional de Saúde britânico vai ter dois ônibus adaptados ao transporte de doentes, para aliviar a pressão sobre as ambulâncias da capital inglesa. A maioria dos assentos foi removida e cada um dos dois ônibus pode transportar até quatro pacientes de cada vez. São emprestados pela Go-Ahead, empresa de transportes que opera cerca de um quarto dos milhares de ônibus que circulam por Londres. A empresa destacou quatro motoristas, vacinados previamente contra a Covid-19, para assegurar o serviço de transporte, de acordo com o jornal britânico The Guardian. Os ônibus estão equipados com monitores e oxigênio. Os primeiros pacientes devem começar a ser transferidos nos próximos dias.

Cerca de 101 milhões de pessoas já foram vacinadas contra Covid-19 em todo o mundo, até esta terça-feira (2). O levantamento é do painel Our World in Data, atualizado pela Universidade de Oxford sobre o ritmo da imunização nos países. A pesquisa avalia a imunização da população e o número total de doses administradas. Foram cruzadas as seguintes informações: percentual de vacinados, população total dos países e quais vacinas são aplicadas no local.

Além de Israel, que já vacinou 36% da sua população, apenas o Barein, os Emirados Árabes e o Reino Unido atingiram percentuais superiores a 10%. O Brasil é um dos países com menos aplicações da vacina de forma proporcional: 0,99%.

Iniciativas de empresas brasileiras contra a Covid-19

A campanha de vacinação no Brasil começou no dia 17 de janeiro, com a vacinação da enfermeira Mônica Calazans no Hospital das Clínicas, em São Paulo.

Os postos de imunização funcionarão todos os dias na capital paulista. De segunda a sexta-feira, das 8h às 22h; aos sábados, domingos e feriados de 8h às 18h. O plano de logística e infraestrutura contra a Covid-19, apresentado pelo governo paulista, prevê até 10 mil postos de vacinação em todo o estado, com a utilização de escolas, quartéis da PM, estações de trem, terminais de ônibus, farmácias e até sistema de drive-thru.

No Rio de Janeiro, o governo assinou acordo de cooperação com a Asserj, associação dos supermercados do estado, e a Abrasce, que representa os shoppings em nível nacional, para transformar os espaços dos estacionamentos em ambientes seguros para a vacinação. O conselheiro da Abrasce, Wander Giordano, salientou a emergência do momento e disse que os recursos da iniciativa privada vão gerar condições para “termos um sistema público de saúde melhor no futuro, e repensarmos esse modelo”. “É hora de estarmos unidos.”

Essa união público-privada também atingiu o setor esportivo. Clubes de futebol como Botafogo, Corinthians, Santos, Athletico-PR, Cruzeiro e Hercílio Luz Futebol colocaram a estrutura física dos clubes à disposição dos órgãos públicos para cuidar da saúde da população. Em entrevista para o Infomoney, Nathan Faraco, médico cardiologista e diretor de futebol do clube Hercílio Luz, disse que ainda não teve resposta da Prefeitura Municipal de Tubarão, em Santa Catarina. E que a cidade é pequena: com cem mil habitantes, a população espera a chegada de mais doses. Hoje, contam com 1.600 vacinas (duas doses) que atendem apenas 600 pessoas (checar a conta).

O Governo Federal Brasileiro conta com apoio logístico de GOL, Azul, Tam e Voepass para levar parte significativa das doses das vacinas aos estados. A parceria entre as companhias aéreas e o Ministério da Saúde tem como objetivo maior agilidade nas entregas dos insumos a custo zero para a União.
As doações no setor filantrópico também têm atuado durante a pandemia (exemplos). Porém, o imposto ainda é muito alto, de acordo com o advogado Hermano Barbosa, sócio do BMA Advogados nas áreas de Direito Tributário e Planejamento Patrimonial e Sucessório. “Quem vai doar, quer segurança”.

Quando o assunto é oxigênio, a crise sanitária de Manaus, no Brasil, foi manchete em jornais pelo mundo. E, para apoiar a população que sofre e morre com falta de oxigênio nos hospitais, 15 grandes empresas se uniram para realizar uma ação solidária com o objetivo de apoiar a região. O Juntos pelo Amazonas fará uma doação para o programa Unidos Contra a Covid-19 da Fiocruz, no Rio de Janeiro, no valor de R$ 1,6 milhão. Os recursos irão para uma usina de produção de oxigênio, que deverá dar suporte aos hospitais públicos da região. O grupo conta com a participação de Ambev, BNP Paribas, BRF, Coca-Cola Brasil, Grupo +Unidos, Magalu, Mercado Livre, Nestlé Brasil, Petrobras, Sesc, SulAmérica, WEG, Whirlpool, XP Inc. e Yamaha.

Em entrevista ao InfoMoney, Fernando Abruccio, professor da FGV e cientista político, disse que é inevitável enfrentar problemas complexos com parcerias solidárias. “A parceria começou na produção da vacina. Sem parcerias, não existiria a vacina. Desde o financiamento até a regulamentação, existe muita pressão”. Abruccio acredita numa tendência. “Os braços do Estado não são suficientes”. Não obtivemos respostas do Ministério da Saúde do Brasil sobre a distribuição da vacina e quais são as empresas parceiras pelo país.

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