Conselheiro de Lula, Mantega pede apoio dos EUA para adiamento da eleição à chefia do BID

Eleição está marcada para de 20 de novembro, mas ex-ministro pede que escolha seja feita após a posse de Lula, em 1º de janeiro

Reuters

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Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda e conselheiro do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, enviou uma carta ao governo dos Estados Unidos pedindo apoio do país para adiar a eleição de 20 de novembro para a presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), disseram duas fontes à Reuters.

Segundo uma das fontes, que falou sob anonimato, Colômbia e Chile também receberam cartas e outros países foram contactados.

Mantega e o Tesouro dos EUA, destinatário da carta, não responderam imediatamente a um pedido de comentário.

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Na quarta-feira, o ex-ministro, que está na equipe de transição de Lula, disse à Reuters que estava conversando com governadores do BID para tentar adiar a eleição para depois da posse de Lula em 1º de janeiro.

“Basta um terço do colegiado não comparecer para adiar a votação, estamos falando com vários governadores do BID”, disse Mantega.

Os regulamentos do BID exigem um quorum de maioria absoluta dos governadores para qualquer reunião, incluindo a maioria dos membros regionais, “representando pelo menos dois terços do poder total de voto dos países membros”.

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Ilan Goldfajn

O governo do presidente Jair Bolsonaro, derrotado em um apertado segundo turno presidencial em outubro, já havia indicado o ex-presidente do banco central Ilan Goldfajn para concorrer à liderança do BID.

Antes mesmo dessa escolha, os aliados de Lula questionaram a legitimidade da candidatura brasileira, argumentando que a eleição deveria ser adiada para o próximo ano para que a indicação do país pudesse refletir a vontade de um governo recém-eleito.

O Tesouro dos EUA, que disse que não indicará nenhum candidato, detém 30% de poder de voto no banco, seguido por Brasil (11%) e Argentina (11%). Colômbia e Chile detêm, cada um, 3% de participação.

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A segunda fonte ouvida pela Reuters, que trabalha no BID, disse que as chances de um adiamento são vistas como improváveis, conforme os países da região apostam suas próprias fichas na indicação de um sucessor de Mauricio Claver-Carone, que deixou o cargo prematuramente após envolvimento em um escândalo ético.

O prazo para o registro de candidaturas se encerra nesta sexta-feira (11). A Argentina anunciou nesta manhã a secretária de Relações Econômicas Internacionais Cecilia Todesca Bocco como candidata. Também concorrem ao cargo o vice-presidente do banco central do México Gerardo Esquivel, e o ex-ministro das Finanças do Chile Nicolas Eyzaguirre.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse nesta sexta-feira a jornalistas achar “de bom tom” o adiamento da eleição do BID. “Temos um governo eleito agora, não teria sentido ter essa indicação agora”.