Confiança da indústria melhora em dezembro, após meses de resultados negativos

Especialista do FGV/Ibre diz que ainda é cedo para dizer se a mudança pode apontar para uma inflexão no pessimismo do setor industrial; movimento pode ser compensação por meses ruins seguidos

Roberto de Lira

Indústria siderúrgica. (Foto: Karan Bhatia/ Unsplash)
Indústria siderúrgica. (Foto: Karan Bhatia/ Unsplash)

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O Índice de Confiança da Indústria (ICI), calculado pelo FGV/Ibre, subiu 3,8 pontos em dezembro, para 92,9 pontos. A melhora também foi captada na média móvel trimestral, pela qual o índice avançou 0,8 pontos, para 90,6 pontos.

Mesmo com a recuperação no mês, Stéfano Pacini, economista do FGV/Ibre, comentou em nota que ainda é cedo para dizer se a mudança pode apontar para uma inflexão no pessimismo do setor industrial.

“O resultado tem característica de compensação, após uma sequência de meses negativos. Nas avaliações sobre o momento atual dos negócios, as empresas buscam ajustar o nível de estoques com melhora momentânea da demanda”, destacou.

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Segundo sua avaliação, na ótica dos segmentos, nota-se que as perspectivas sobre os negócios ainda não são positivas, embora tenham mas melhoraram em relação aos últimos resultados. “No ambiente macroeconômico, o cenário segue desafiador, com política monetária segue contracionista e sinalização de desaceleração da atividade”, disse Pacini.

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Em dezembro, houve alta da confiança em 13 dos 19 segmentos industriais pesquisados pela Sondagem. O resultado refletiu melhora tanto nas avaliações sobre a situação atual e quanto nas expectativas em relação aos próximos meses.

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O Índice Situação Atual (ISA) subiu 2,8 pontos, para 92,4 pontos. O Índice de Expectativas (IE) avançou 4,6 pontos, para 93,4 pontos.

Segundo o FGV/Ibre, entre os indicadores que compõem o ISA, o que exerceu maior influência na alta foi o que mede o nível atual de demanda, ao subir 3,1 pontos para 96,5 pontos. No mesmo sentido, o indicador que mede  a situação atual dos negócios subiu 2,5 pontos, para 90,4 pontos e o que mensura o nível dos estoques, recuou 2,5 pontos, para 109,1 pontos. Quando este indicador está acima de 100 pontos, sinaliza que a indústria está operando com estoques excessivos — ou acima do desejável. 

Com relação às expectativas, a pesquisa mostra que houve melhora em todos os componentes. O que mensura a produção prevista avançou 12,2 pontos, para 97,0 pontos. No mesmo sentido, o otimismo sobre a evolução dos negócios nos próximos seis meses subiu 1,1 ponto para 89,8 pontos. Em menor proporção, o indicador que mede as expectativas de emprego avançou 0,4 ponto alcançando os 93,8 pontos. 

Já o Nível de Utilização da Capacidade Instalada da Indústria (NUCI) manteve relativa estabilidade ao recuar 0,1 ponto percentual em dezembro para 79,6% pior patamar desde abril de 2021 (79,2%).