Conab passa a prever queda de 8% na produção de grãos do país

Segundo a estatal, volume total deverá alcançar 294,1 milhões de toneladas 

Fernando Lopes

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A produção brasileira de grãos deverá somar 294,1 milhões de toneladas nesta safra 2023/24, segundo nova estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgada na manhã desta terça-feira. O volume é 1,52 milhão de toneladas menor que o previsto em relatório publicado no mês passado e representa uma queda de 8% em relação ao recorde do ciclo 2022/23 (319,8 milhões de toneladas).

Essa retração ante a temporada passada reflete problemas climáticos sobretudo no Centro-Oeste e no Matopiba (confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), que prejudicaram principalmente lavouras de soja, o carro-chefe do agro no país. Por causa do calor e das chuvas irregulares em pólos dessas regiões, a Conab projeta que a produção de soja do país vai cair 5,2% em 2023/24, para 146,5 milhões de toneladas.

Para a “safrinha” de milho, que está em desenvolvimento, a estatal calcula colheita de 85,6 milhões de toneladas, 16,4% menos que no ciclo passado. Mas essa retração também decorre de uma área plantada 8,2% menor, em virtude do desestímulo provocado pelos baixos preços do cereal. A colheita total de milho está estimada pela Conab em 111 milhões de toneladas, com redução de 15,9%.

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Embora o cenário indique queda doméstica da oferta de soja e milho, básicos para a produção de rações e para a alimentação humana, as cotações desses grãos continuam em baixo patamar, o que tem colaborado para garantir margens positivas para os frigoríficos de aves e suínos e para evitar pressões inflacionárias. O Brasil é grande exportador de ambas as commodities, e no mercado internacional os preços estão baixos graças a relações confortáveis entre oferta e demanda.

Para arroz e feijão, dupla com espaço cativo no prato dos brasileiros, as projeções da Conab sinalizam aumento da produção em 2023/24. A colheita de arroz deverá alcançar 10,6 milhões de toneladas, 5,3% mais que em 2022/23, enquanto a de feijão tende a atingir 3,2 milhões de toneladas, alta de 5,8%.

No caso do algodão, a expectativa é de colheita de 3,6 milhões de toneladas de pluma, com aumento de 13,4%. Já para o trigo, que começará a ser plantado em alguns meses, a Conab espera aumento de 20,2% na produção, para 9,7 milhões de toneladas.

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IBGE

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também divulgou hoje novas estimativas para a colheita de grãos no país este ano, e ajustou o volume total para 298,3 milhões de toneladas, queda de 5,4%, ou 17,1 milhões de toneladas, ante 2023. O número é 2,3 milhões de toneladas menor que o previsto em relatório publicado em março. Soja, milho e arroz deverão representar 91,6% da produção esperada.