Com Lula na China, Larry Summers alerta: EUA está ficando isolado

“Alguém de um país em desenvolvimento uma vez me disse: ‘o que ganhamos da China é um aeroporto. O que recebemos dos EUA é uma palestra'”

Bloomberg

NEW YORK, NY - JANUARY 30: Former Treasury Secretary Larry Summers visits FOX Business Network at FOX Studios on January 30, 2015 in New York City. (Photo by Rob Kim/Getty Images)

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(Bloomberg) — O ex-secretário do Tesouro dos EUA Lawrence Summers alertou sobre sinais “preocupantes” de que os EUA estão perdendo influência global à medida que outras potências se alinham e ganham espaço com outras nações.

“Há uma aceitação crescente da fragmentação e – talvez ainda mais preocupante – acho que há uma sensação crescente de que estar com a gente pode não ser o melhor ‘fragmento’ para se associar”, disse Summers no programa “Wall Street Week”,  da Bloomberg Television.

Summers falou em meio ao encontro dos chefes financeiros globais em Washington. O tema principal foi um alerta sobre a “fragmentação” da economia mundial, já que os EUA e os aliados do mundo rico pretendem remodelar as cadeias de suprimentos longe da China e outros concorrentes estratégicos.

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“Alguém de um país em desenvolvimento uma vez me disse: ‘o que ganhamos da China é um aeroporto. O que recebemos dos Estados Unidos é uma palestra’”, disse Summers, professor da Universidade de Harvard e colaborador da Bloomberg TV.

Simultaneamente à reunião em Washington, organizada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco Mundial, o presidente do Brasil – a 12ª economia do mundo – estava visitando a China, mostrando o estreitamento das relações entre as duas nações.

O encontro semestral em Washington também segue um movimento surpreendente da Arábia Saudita, Rússia e outros membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) para cortar a produção de petróleo bruto – complicando a tarefa de conter a inflação para os EUA, zona do euro e outras nações desenvolvidas.

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O aprofundamento dos laços entre o Oriente Médio e a Rússia e a China – que recentemente negociou uma reaproximação entre a Arábia Saudita e o Irã – é “um símbolo de algo que considero um grande desafio para os Estados Unidos”, disse Summers.

“Estamos do lado certo da história – com nosso compromisso com a democracia, com nossa resistência à agressão da Rússia”, disse ele. “Mas parecemos estar um pouco solitários do lado certo da história, já que aqueles que parecem estar bem menos do lado certo estão cada vez mais se unindo em toda uma gama de estruturas”.

Washington precisará considerar como enfrentar esse novo desafio, acrescentou. As estruturas do FMI e do Banco Mundial também serão uma questão chave de longo prazo, disse ele. “Se o sistema de Bretton Woods não estiver funcionando bem em todo o mundo, haverá sérios desafios e propostas de alternativas.”

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