China divulgará PIB do 1º trimestre e dá o tom do impacto do coronavírus na economia: o que esperar?

As estimativas de consenso, conforme aponta a Bloomberg, apontam para uma queda de 6% da atividade no período

Lara Rizério

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SÃO PAULO – No final da noite desta quinta-feira (16), mais precisamente às 23h (horário de Brasília), a China divulgará os números do PIB do primeiro trimestre de 2020, dando o tom do tamanho do choque no primeiro país a passar por um período de isolamento por conta da pandemia do novo coronavírus.

As estimativas de consenso, conforme aponta a Bloomberg, apontam para uma queda de 6% da atividade no período, marcando o pior desempenho trimestral da economia do gigante asiático em pelo menos 30 anos e a primeira retração desde que os dados trimestrais começaram a ser divulgados, na década de 1990.

Para o Fundo Monetário Internacional (FMI), o crescimento econômico do país irá cair de 6,1% em 2019 para 1,2% este ano.

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A baixa deve refletir as fortes medidas de isolamento social que aconteceram no país nos três primeiros meses do ano, principalmente na província de Hubei, que foi o epicentro da Covid-19.

As fábricas ficaram paralisadas, assim como o comércio, durante fevereiro e março, com uma reabertura gradual nas últimas semanas em meio aos sinais de diminuição do ritmo de propagação da doença, que infectou mais de 83 mil pessoas e causou mais de 3 mil mortes no país até a última quarta-feira (15).

Os números de março já reportados pelo país mostraram um certo alívio e tendência de retomada após o pior ter passado para o país. O índice chinês dos Gerentes de Compras (PMI) industrial de março subiu para 52,0 pontos, acima dos 35,7 pontos de fevereiro e superando as expectativas dos economistas internacionais, que previam um PMI de 45 pontos. Já o PMI de serviços chinês avançou de 29,6 para 52,3 no mesmo período.

Porém, economistas destacaram cautela com os números, uma vez que a base de comparação era baixa dada a forte queda em fevereiro (veja mais clicando aqui). “Nossas preocupações de fluxo de caixa para pequenas e médias empresas e também para famílias continuam elevadas”, avaliaram na ocasião o Credit Suisse, fazendo um alerta de aumento da inadimplência.

Um outro ponto trata sobre os efeitos do aumento exponencial do número de casos fora da China e o impacto via balança comercial. Estados Unidos, Espanha, Itália, Alemanha, França e Reino Unido têm no momento tanto maior número de casos quanto de mortes, sendo que os EUA aparecem no topo da lista com mais de 640 mil casos e 30 mil mortes.

Números já apresentados da economia americana mostram que cerca de 22 milhões de norte-americanos solicitaram o seguro-desemprego nas últimas quatro semanas, em meio à onda de demissões por conta da paralisação da economia.

Já o índice de produção industrial dos EUA, que mede os setores de manufaturas, mineração, gás e energia, sofreu a maior queda desde janeiro de 1946, quando as indústrias estavam fechando para mudar a produção de guerra para produtos de consumo. O setor de manufaturas caiu mais de 6,3% em março, o maior declínio mensal desde fevereiro de 1946. Isso deve ter um forte impacto para o consumo do país e, consequentemente, para as importações americanos.

Nesta semana, alguns dados da China de balança comercial chegaram a animar. Eles mostraram que as exportações e importações da China continuaram a cair, mas a um ritmo mais lento. As exportações chinesas caíram 6,6% na comparação anual de março em meio à retomada das atividades, após terem baixado 17,2% no período de janeiro e fevereiro. Já as importações chinesas se retraíram 0,9% no mesmo intervalo – nos primeiros dois meses do ano, o declínio foi de 4,0%. A projeção era de queda de 10% em março.

O superávit comercial geral do país chegou a US$ 19,9 bilhões em março, comparado com um déficit de US$ 7,09 bilhões no período de janeiro e fevereiro e expectativas de um superávit de US$ 21 bilhões para o mês passado.

Especificamente no comércio com os Estados Unidos, as importações da China de grãos de soja, carne de porco e outros produtos agrícolas aumentaram acentuadamente no primeiro trimestre, à medida que os dois países implementaram um acordo comercial limitado. Ainda assim, o comércio exterior como um todo da China com os EUA se contraiu na comparação com os primeiros três meses do ano passado devido à pandemia.

Desta forma, mais além do PIB da China, o impacto da pandemia nos outros mercados e seus efeitos para o gigante asiático serão acompanhados de perto pelo mercado.

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(Com Agência Estado)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.