Cerca de 26 mil doses da AstraZeneca vencidas foram aplicadas no Brasil, diz jornal

Aplicação da dose vencida compromete a imunização da pessoa; 1.532 municípios do país usaram os imunizantes vencidos de oito lotes até 19 de junho

Equipe InfoMoney

(Getty Images)

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SÃO PAULO – Cerca de 26 mil doses vencidas da vacina da AstraZeneca, feita em parceria com a Universidade Oxford e produzida no Brasil pela Fiocruz, foram aplicadas em cidadãos no Brasil, segundo apurou a Folha de S.Paulo.

A aplicação da dose vencida compromete a imunização da pessoa. Segundo a matéria, 1.532 municípios do país usaram os imunizantes vencidos de oito lotes até 19 de junho.

A cidade que mais aplicou doses vencidas, segundo a apuração da Folha diante dos dados Ministério da Saúde, foi a de Maringá, no Paraná: foram 3.536 pessoas vacinadas com primeira dose da AstraZeneca fora da validade.

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Também estão na lista as cidades de Belém (PA), com 2.673, São Paulo (SP), com 996, Nilópolis (RJ), com 852, e Salvador (BA), com 824. Segundo a matéria, outras cidades aplicaram menos de 700 vacinas vencidas, e em algumas não passou de dez doses.

A matéria diz que os dados eram conhecidos do Ministério da Saúde. O InfoMoney contatou a pasta, que  informou que nenhuma dose de vacina é entregue aos estados e Distrito Federal vencida.

“A pasta acompanha rigorosamente todos os prazos de validade das vacinas Covid-19 recebidas e distribuídas pela pasta. Conforme pactuado com Conass e Conasems, as doses entregues para as Centrais Estaduais devem ser imediatamente enviadas aos municípios pelas gestões estaduais. Cabe aos gestores locais do SUS o armazenamento correto, acompanhamento da validade dos frascos e aplicação das doses, seguindo à risca as orientações do Ministério”, disse a pasta em nota.

Vale lembrar que a validade das vacinas depende de como ela é produzida, de acordo com a tecnologia e insumos utilizados. O InfoMoney contatou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que afirmou que os dados avaliados, dentre eles o estudo de estabilidade, em condições controladas de temperatura e umidade, definem o prazo de validade e as condições de armazenamento do produto, impactando na logística de distribuição.

“Não cabem à Anvisa, assim, a aquisição, a distribuição e a aplicação dos imunizantes utilizados no Programa Nacional de Imunização (PNI).A Agência não recebeu pedido de análise sobre a ampliação do prazo de validade da vacina da AstraZeneca ou foi consultada sobre a aplicação do produto fora do prazo definido em bula”, disse a Anvisa em nota.

O que fazer?

O documento de operacionalização da vacinação no Brasil diz que indivíduos que tomaram doses vencidas devem ser notificados para que saibam do erro de imunização através do e-SUS Notifica e devem ser acompanhados em relação ao desenvolvimento de eventos adversos.

“A dose não deverá ser considerada válida, sendo recomendada a revacinação destes indivíduos com um intervalo de 28 dias da dose administrada”, diz o documento do Ministério da Saúde.

A Anvisa ressaltou em nota que as vacinas com prazo de validade expirado não têm garantia de eficácia e segurança.

PNI tem regras para aplicação

Paulo Almeida, diretor executivo do Instituto Questão de Ciência (IQC), afirma que há regras a serem seguidas no que diz respeito ao manuseio e controle da aplicação das vacinas contra a Covid-19.

“Todas as doses aplicadas precisam ser imediatamente informadas no site SI-PNI ou armazenadas em algum mecanismo local, como papel ou Excel, e após serem aplicadas devem ser incluídas na plataforma”, diz.

No documento de operacionalização do Plano Nacional de Imunização (PNI) há a menção da necessidade de indicar problemas com as doses, como unidades perdidas ou quebradas, e também de apontar a data de validade.

“A responsabilidade inicial da aplicação da vacina é de quem está com as doses em mãos, ou seja, do local de aplicação, na ponta. Naturalmente, tem uma parte da responsabilidade com o governo federal por ter demorado para enviar as doses e não ter feito o controle adequado, inclusive, para avisar os locais que estavam com as doses prestes a vencer. Assim, era possível ter feito um mutirão de vacinação, por exemplo. É um erro global da estratégia de aplicação. Faltou acompanhar e ver que isso estava acontecendo”, avalia Almeida.

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