Campos Neto diz que BC busca equilíbrio entre custos de combater inflação e o de não combater

Em evento do Bradesco BBI, ele disse que custo de inação pode ser maior e mais duradouro para a economia no longo prazo

Estadão Conteúdo

José Cruz/Agência Brasil

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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, reconheceu os efeitos do aperto monetário sobre a atividade econômica, mas reiterou que a autoridade monetária vai perseguir as metas de inflação. Em fórum do Bradesco BBI, Campos Neto afirmou que o BC tem procurado um equilíbrio entre os custos do combate à inflação e os de não combatê-la. Nesse sentido, disse que perseguir a meta já em 2023 nunca foi o objetivo, uma vez que demandaria juros muito altos.

Ele observou que o preço de enfrentar a inflação é, no longo prazo, menor do que o de deixar os preços subirem descontroladamente para poupar a atividade econômica no curto prazo.

Campos Neto disse não ser verdade que a inflação seja só de oferta, sem relação com pressões vindas da demanda. Assim, deixou mais uma vez claro que a função do BC é combater efeitos secundários da inflação, citando a alta de preços dos serviços e dos núcleos ainda altos.

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Em relação a usar como referência o núcleo, ao invés do IPCA cheio, nas decisões de política monetária, o presidente do BC avaliou que este é um debate técnico. Observou, no entanto, que, em países emergentes, o mais comum é dar maior peso à inflação cheia, mesmo quando os núcleos sejam observados.

Um exemplo citado foi o da Índia, onde o peso dos alimentos é muito intenso. Outros países, no entanto, são mais suscetíveis  a choque de preços de energia.

Campos Neto minimizou também os estouros de meta da inflação nos últimos anos. “Países com inflação mais baixa furam metas tanto ou mais que o Brasil”, comparou o presidente do BC. Um estudo do BC mostrou que nos últimos 20 anos, países como Chile, Colômbia e Peru furaram o teto da meta entre sete e oito vezes, parecido com o Brasil. Ele vê, assim, problemas com o sistema de metas de inflação no País.