Brasil deve ter superávit de US$ 80 bi em 2023, turbinado pela agropecuária, estima Icomex

O superávit da agropecuária somou US$ 53,4 bilhões de janeiro a agosto deste ano, seguido de US$ 33,4 bilhões registrados pela indústria extrativa

Estadão Conteúdo

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A balança comercial brasileira deve alcançar um superávit de US$ 80 bilhões em 2023, turbinado pela agropecuária, previu o relatório do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) divulgado nesta terça-feira (19) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

De janeiro a agosto deste ano, o superávit comercial brasileiro foi de US$ 62,4 bilhões, superando o montante de US$ 61,8 bilhões arrecadados em todo o ano de 2022.

O superávit da agropecuária somou US$ 53,4 bilhões de janeiro a agosto deste ano, seguido de US$ 33,4 bilhões registrados pela indústria extrativa. Por outro lado, a indústria de transformação teve um déficit comercial de US$ 24,1 bilhões no período.

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“A agropecuária lidera as exportações seguida da indústria extrativa com aumento de volume num cenário de recuo nos preços”, frisou a FGV. “Uma projeção pessimista seria de um superávit ao redor de US$ 70 bilhões (em 2023), pouco provável, e um otimista ao redor de US$ 80 bilhões.”

O Icomex relembra que a balança comercial do Brasil tem mostrado superávit através de um aumento do volume exportado e um recuo no volume importado, enquanto que os preços recuaram para ambos os fluxos.

De janeiro a agosto de 2023, o volume exportado cresceu 9,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já o volume importado caiu 1,6%. Os preços das exportações recuaram 8,2%, e os das importações caíram 8,7%. Em valores, as exportações caem 0,1% no acumulado do ano, enquanto as importações recuam 10,4%.

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“No acumulado do ano até agosto de 2010, no auge do boom nos preços das commodities, a participação nas exportações totais do Brasil da agropecuária era de 11,5%, a da extrativa 22,2% e a da transformação, 66,3%”, lembrou a FGV.

Nesse mesmo período em 2023, destaca a FGV, essas participações foram: agropecuária (25,1%); extrativa (21,5%); e, transformação, 53,2%. A principal mudança foi o avanço do setor de agropecuária ao longo dos anos, e o do petróleo bruto que ocupou a liderança na indústria extrativa no lugar do minério de ferro, com a desaceleração dos investimentos chineses em infraestrutura”, lembrou a FGV.

De janeiro a agosto de 2023, ante o mesmo período do ano anterior, o volume exportado pela agropecuária subiu 20,2%; o da indústria extrativa cresceu 20,7%; e o da indústria de transformação aumentou 0,2%. Já o volume importado pela agropecuária no período encolheu 20,2%; o da indústria extrativa caiu 4,5%; e o da indústria de transformação diminuiu 0,6%.

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De janeiro a agosto, a China se manteve como o principal destino das vendas de produtos brasileiros, com uma aquisição de 30,2% de tudo o que foi exportado pelo Brasil, seguida pela União Europeia (13,5%), Estados Unidos (10,5%) e Argentina (5,6%).

“O superávit com a China explicou 53% do saldo positivo da balança comercial em 2022 e 2023 no acumulado do ano até agosto”, observou a FGV.

No comércio com a China, o Brasil passou de um superávit de US$ 23,1 bilhões de janeiro a agosto de 2022 para um superávit de US$ 33,1 bilhões de janeiro a agosto de 2023. Nas trocas com os Estados Unidos, o Brasil saiu de déficit de US$ 10,4 bilhões de janeiro a agosto de 2022 para déficit de US$ 2,6 bilhões de janeiro a agosto de 2023. No comércio coma Argentina, o Brasil passou de superávit de US$ 1,9 bilhão de janeiro a agosto do ano passado para superávit de US$ 4,4 bilhões de janeiro a agosto de 2023.

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“Em termos de valor, as exportações só cresceram (no acumulado do ano) para a China (8,0%) e a Argentina (19,7%) e as importações recuaram para todos os mercados”, completou a FGV.

A estiagem na Argentina explica o avanço nas exportações brasileiras para o país, apesar da crise econômica. A seca fez as exportações de soja do Brasil para a Argentina crescerem 989%, em valor, entre janeiro e agosto de 2022 e janeiro a agosto de 2023, passando a ser o principal produto da pauta comercial, com 15% das exportações.

“No entanto, com o agravamento da crise e medidas cambiais de restrição às importações, era esperado que o volume exportado entrasse numa trajetória declinante”, frisou a FGV.

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O relatório do Icomex mantém a expectativa de menor ritmo de crescimento nas exportações brasileiras até final do ano.

“No entanto, é possível que recentes medidas do governo chinês para estimular o consumo possam trazer novos efeitos positivos nas exportações da agropecuária. No caso das importações, as revisões com viés de alta do crescimento do PIB poderão estimular o aumento das importações”, concluiu a FGV.