Bolsa bate recordes, PIB surpreende o mercado: por que o emprego no Brasil não reage?

Estrategista da WHG e economista da Garde Asset explicam o descompasso entre diferentes indicadores da economia brasileira

Laís Martins

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SÃO PAULO – Nesta semana, a Bolsa brasileira bateu sucessivos recordes em sua pontuação, superando os 130 mil pontos pela primeira vez na história. Também o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, divulgado na terça (1), chamou atenção: cresceu 1,2% no primeiro trimestre de 2021, acima do esperado pelo mercado, e recuperou o patamar pré-pandemia.

Contudo, os dados de emprego do país preocupam. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego foi para 14,7% no primeiro trimestre de 2021. É o maior contingente de desocupados em todos os trimestres desde 2012.

“O que estamos vivendo é um conjunto de choques positivos e negativos. É uma junção de fatores domésticos e internacionais que, no curto prazo, estão beneficiando o mercado”, afirma Tony Volpon, estrategista chefe da Wealth High Governance, em live no Instagram do Infomoney.

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Entre os fatores que estão impulsionando a alta do Ibovespa, Volpon aponta dois deles: a alta demanda do mercado externo e os juros baixos controlados pelo Banco Central.

“A alta das commodities impulsionou a Bolsa. E as projeções mostram que ainda vamos viver um período de juros baixos por bastante tempo. Desse jeito, a transferência de recursos da renda fixa para a Bolsa vai continuar acontecendo”, opina.

A visão é compartilhada por Natalie Victal, economista da Garde Asset, que também participou da live mediada pela especialista Ana Laura Magalhães (a Explica Ana).

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“A economia mundial vai continuar a crescer nos próximos anos. E, com isso, as commodities continuarão sendo demandadas. Mas há algumas, como o petróleo, que não conseguem reagir tão rápido em sua oferta. E os preços tendem a subir. A empresa que melhor conseguir otimizar a sua produção vai se destacar”, explica.

Volpon acrescenta que, atualmente, a Bolsa está operando abaixo dos patamares de valuation [valor de um ativo financeiro] da média histórica. Por isso, o gestor acredita que a Bolsa possa alcançar os 140 mil pontos ainda este ano.

O valuation é uma projeção de preços, como se fosse quanto você está pagando hoje para receber de lucro futuro das empresas. E quando a gente faz essa conta olhando o preço atual do Ibovespa contra o que a gente espera do lucro nos próximos dois meses, o patamar está baixo”, finaliza.

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Previsões para o PIB de 2021

Com a revisão do PIB acima do esperado pelo mercado, a expectativa em relação à recuperação da economia é alta. Em concordância, a especialista da Garde Asset e o estrategista da Wealth High Governance olham com otimismo para o longo prazo.

As duas casas projetam o PIB para a faixa dos 5% ao final de 2021. “Nós estamos mais otimistas por conta da recuperação global. O que é visto lá fora pode facilmente acontecer no Brasil. Acreditamos que, com o andamento de reformas e a recuperação de setores como o de serviços e da indústria, que geram muitos empregos, a nossa economia pode voltar aos trilhos”, explica Victal.

Já os economistas consultados no último boletim Focus apontaram estimativa de crescimento de 3,96% para a economia brasileira.

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Victal lembra, porém, que o PIB é apenas uma de muitas medidas de crescimento da economia nacional.

“O PIB não representa toda a economia. Ele é um marcador muito importante, de fato. Mas ele não reflete o bem-estar da sociedade. Por isso é interessante analisarmos o índice de Gini, o PIB per capita e outros para entendermos se o país está de fato de recuperando”, finaliza.

Por que o emprego, afinal, não reage?

Os dados de emprego dizem muito sobre como uma população sente, na pele, a situação da economia. E a fotografia atual não é boa, a despeito dos recordes na Bolsa e do crescimento do país.

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Um dos motivos é que, apesar de expressivo na Bolsa, o setor de commodities não é tão representativo na geração de empregos para o país. Em relação ao PIB, a agropecuária tem participação de apenas 6,8%.

Por outro lado, o setor de serviços, que corresponde a mais de 70% da economia do país, ainda se recupera muito lentamente. No primeiro trimestre, cresceu apenas 0,4%, em meio a novos picos da pandemia, que levaram ao fechamento temporário de estabelecimentos, e a um processo de vacinação lento.

“A gente acredita que, no longo prazo, os setores que mais foram afetados pelo desemprego também irão se beneficiar”, aponta Volpon. “Também é essencial atrair investimentos para o país para gerarmos emprego. Para isso, precisamos de reformas, como a tributária.”

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E Agora, Ana?

O programa “E Agora, Ana?” vai ao ar às quartas-feiras, às 12h, no Instagram do InfoMoney. A série de lives, apresentadas pela especialista em investimentos Ana Laura Magalhães, traz gestores, analistas e economistas para trazer informação relevante para o investidor brasileiro se posicionar nos mercados local e internacional.

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Laís Martins

Analista de Conteúdo no InfoMoney. Formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e com passagens pela Globo e UOL. Cria conteúdos sobre investimentos, finanças, economia, mercados e tecnologia