BCE prevê inflação de 8,1% em 2022; PIB crescerá 3,1% este ano, mas deve desacelerar em 2023

Boletim do BCE de setembro projeta uma estagnação da economia no final deste ano e no primeiro trimestre de 2023

Roberto de Lira

Sede do Banco Central Europeu (Bloomberg)

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O Banco Central Europeu (BCE) espera que inflação média na área do bloco fique em 8,1% em 2022. Para o PIB europeu, as projeções são de crescimento de 3,1% neste ano e desaceleração para 0,9% em 2023, com uma recuperação, para 1,9% em 2024. A projeções foram divulgadas hoje no boletim econômico de setembro da autoridade monetária.

Segundo o BCE, após uma recuperação no primeiro semestre de 2022, dados recentes apontam para um abrandamento substancial do crescimento económico da área do euro, com previsões de uma estagnação da economia no final do ano e no primeiro trimestre de 2023.

Ao mesmo tempo, os preços da energia muito elevados estão reduzindo o poder de compra e a renda das pessoas. Embora os gargalos de oferta estejam diminuindo, eles ainda restringem a atividade econômica.

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Além disso, a situação geopolítica adversa, especialmente a invasão da Rússia na Ucrânia, está pesando na confiança de empresas e consumidores. Essa conjuntura, portanto, se refletiu nas últimas projeções da equipe do BCE para o crescimento econômico, que foram revisadas para baixo acentuadamente para o restante do ano atual e ao longo de 2023.

O BCE lembra que a economia da área do euro cresceu 0,8% no segundo trimestre de 2022, principalmente devido aos fortes gastos dos consumidores em serviços como resultado do levantamento das restrições relacionadas à pandemia.

Durante o verão, à medida que as pessoas viajavam mais, os países com grandes setores de turismo se beneficiaram especialmente. Ao mesmo tempo, as empresas sofreram com os altos custos de energia e os gargalos de fornecimento contínuos, embora estes últimos tenham diminuído gradualmente.

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Agora, espera-se que essa forte recuperação da demanda por serviços perca força nos próximos meses.

Inflação

Para o BCE, a alta dos preços de energia e alimentos, as pressões de demanda em alguns setores devido à reabertura da economia e os gargalos de oferta ainda estão elevando a inflação local.

Essas pressões sobre os preços continuaram a se fortalecer e se ampliar em toda a economia e a inflação pode aumentar ainda mais no curto prazo. Por esse motivo, o BCE decidiu no início do mês elevar suas taxas de juros em 75 pontos base.

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O ciclo de alta deve continuar nas próximas reuniões porque a inflação continua muito alta e provavelmente permanecerá acima de sua meta (de 2% anuais) por um período prolongado.

O boletim comenta que, à medida que os atuais motores da inflação desaparecem com o tempo e a normalização da política monetária atinja a economia e a fixação de preços, a inflação cairá.

As últimas projeções do corpo técnico apontam para uma inflação – excluindo alimentos e energia – atingindo 3,9% em 2022, 3,4%, em 2023 e 2,3%, em 2024.

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Desemprego

Para o BCE, olhando para o futuro, é provável que a esperada desaceleração da economia leve a algum aumento na taxa de desemprego. Por enquanto, o mercado de trabalho permanece robusto, apoiando a atividade econômica.

O emprego na Zona do Euro aumentou em mais de 600 mil pessoas no segundo trimestre de 2022 e a taxa de desemprego chegou a um mínimo histórico de 6,6% em julho. O total de horas trabalhadas cresceu 0,6% no segundo trimestre e superou os níveis pré-pandemia.

PIB global

Para os especialistas do banco, a economia global deverá crescer a uma taxa ligeiramente inferior à sua média de longo prazo neste ano e no próximo, à medida que a atividade económica abrandar nas economias de mercado avançadas e emergentes.

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De acordo com as projeções macroeconómicas do BCE, as perspectivas de crescimento global são de que o PIB real (excluindo a área do euro) deva der de 2,9% em 2022, 3,0%,em 2023, e 3,4%, em 2024.

Para os técnicos, as pressões inflacionárias globais permanecem elevadas e disseminadas, em meio a picos de preços de commodities, restrições de oferta persistentes, demanda ainda relativamente robusta e mercados de trabalho apertados.