BC aplica punição de R$ 30 milhões à CIP por atraso em registro de recebíveis

Valor de R$ 29,9 milhões serão de responsabilidade da própria empresa e R$ 100 mil ficarão a cargo do superintendente Joaquim Kiyoshi Kavakama

Estadão Conteúdo

Imagem mostra notas de R$ 50 (Rmcarvalho/Getty Images)

Publicidade

Após ter adiado pela segunda vez o início da operação de registro de recebíveis no Brasil, desta vez para junho, o Banco Central decidiu punir a CIP pelo atraso. Em termo de compromisso assinado na última sexta-feira entre o BC e a registradora, a autarquia cobrou contribuição pecuniária de R$ 30 milhões da CIP, sendo que R$ 29,9 milhões serão de responsabilidade da própria empresa e R$ 100 mil ficarão a cargo do superintendente Joaquim Kiyoshi Kavakama. Os pagamentos deverão ser feitos em até 30 dias.

O termo de compromisso e a cobrança de contribuição pecuniária da CIP surgem após o BC ter anunciado, na última sexta-feira, o adiamento da entrada em vigor da regulação sobre registro de recebíveis, de 17 de fevereiro para 7 de junho de 2021. A medida foi tomada porque a CIP – uma das três registradoras autorizadas a funcionar – declarou ainda não estar pronta para operar no prazo original. As credenciadoras Cerc e Tag cumpriram as exigências.

Em outubro do ano passado, o BC já havia promovido um adiamento da entrada em vigor do registro de recebíveis de cartões. Na última sexta-feira, apesar de informar sobre o novo prazo, o BC omitiu o nome da registradora com dificuldades e não comentou se alguma punição seria adotada. O termo de compromisso entre as partes – BC e CIP – foi publicado apenas hoje pela autarquia.

Ebook Gratuito

Como analisar ações

Cadastre-se e receba um ebook que explica o que todo investidor precisa saber para fazer suas próprias análises

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Pelo documento, além de pagar R$ 30 milhões, a CIP precisará submeter ao BC um plano de ação com a “descrição de todas as medidas que serão adotadas pela entidade para assegurar a conclusão dos testes de interoperabilidade e homologatórios de integração, a fim de que possa realizar o registro de operações relativas a recebíveis de arranjo de pagamento integrante do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB)”. Após a aprovação do plano de ação pelo BC, a CIP deverá implementá-lo.

O plano deverá ser colocado em prática até 10 de maio deste ano – portanto, antes do novo prazo para início da operação com recebíveis no Brasil, em 7 de junho. Com isso, o BC busca garantir que não haja mais adiamentos. Além disso, a CIP será obrigada a contratar uma auditoria independente para acompanhar o processo.

Pelo termo de compromisso, se a CIP cumprir as obrigações, o BC não instaurará um Processo Administrativo Sancionador contra a empresa e Kavakama. Caso não cumpra as obrigações previstas no termo de compromisso, o processo poderá ser instaurado e a CIP terá sua autorização para atuar como registradora de recebíveis suspensa por dois anos. Ela também estará sujeitas a multas.

Continua depois da publicidade

O recebível corresponde à receita que um lojista tem a receber com as vendas realizadas por meio de cartão de crédito ou de débito. Na prática, com o registro em empresas como a CIP, os lojistas poderão acessar, de forma mais segura, empréstimos garantidos por estes recebíveis ou mesmo vendê-los no mercado.

O potencial do mercado de crédito garantido por recebíveis de cartão é de R$ 1,8 trilhão por ano. Em 2019, os arranjos com cartões de crédito movimentaram R$ 1 trilhão. Já os cartões de débito tiveram fluxo de R$ 800 milhões.

Atualização: Em nota, a CIP informou ter assumido “com integridade e responsabilidade as deficiências tecnológicas que impactaram, especialmente, a última semana de testes em janeiro e se comprometeu com a contribuição tornada pública no Termo de Compromisso. Nosso posicionamento foi no intuito de minimizar os riscos decorrentes e a manutenção da concessão do crédito aos estabelecimentos comerciais que utilizam os recebíveis de cartões como garantia destas operações”.

Continua depois da publicidade

Já pensou em ser um broker? Esta série gratuita do InfoMoney mostra como entrar para uma das profissões mais bem remuneradas do mercado. Deixe seu e-mail abaixo para assistir.