Bancos centrais pisam no freio ao reduzir estímulo da pandemia

Por trás do aperto está a percepção de que a inflação se mostra mais teimosa

Bloomberg

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(Bloomberg) — A política de afrouxamento monetário global deve permanecer ao longo de 2022, mesmo com bancos centrais próximos de reduzir o apoio de emergência diante das crescentes pressões inflacionárias.

Na última semana, o Federal Reserve sinalizou que começará a reduzir as enormes compras de títulos já em novembro, e o Banco da Inglaterra sugeriu, pela primeira vez, que pode aumentar as taxas de juros neste ano. A Noruega se tornou a primeira economia desenvolvida a subir as taxas, e os juros também aumentaram no Brasil, Paraguai, Hungria e Paquistão.

Por trás do aperto está a percepção de que a inflação se mostra mais teimosa. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico elevou as projeções para os preços ao consumidor, que devem subir 3,7% no Grupo dos 20 em 2021 e 3,9% no próximo ano.

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As cadeias de suprimentos estão sob pressão em vários setores, de semicondutores a carros, os preços dos alimentos e da energia estão subindo, alguns mercados já enfrentam falta de mão de obra e a demanda aumenta após os lockdowns.

Ao mesmo tempo, a recuperação global não é certa, complicando a tarefa dos bancos centrais, já que alguns até enfrentam a perspectiva de leve estagflação, sob a qual os preços sobem e a expansão desacelera em meio à propagação da variante delta, com muitos ainda não vacinados. Fabricantes globais relataram na semana passada que a atividade continua desacelerando, e legisladores americanos estão em desacordo sobre o aumento do limite da dívida federal.

Também há divergências. Na semana passada, o Banco do Japão não deu nenhuma indicação de retirada do estímulo, enquanto o Banco Popular da China realizou a maior injeção de capital de curto prazo em oito meses no sistema financeiro com a tensão dos mercados devido à crise de caixa da gigante imobiliária China Evergrande.

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O Banco Central Europeu tem rejeitado sugestões de redução do estímulo, e uma autoridade até mesmo levantou a possibilidade de aumentar as compras regulares de ativos assim que o programa da pandemia acabar. O banco central da Turquia remou contra a maré global na semana passada e cortou os juros, embora em meio à pressão do governo.

E até mesmo o Fed mudou a estratégia desde que elevou os juros pela última vez, argumentando que não há problemas em deixar a economia dos EUA um pouco mais aquecida do que o normal, na esperança de que isso diminua o desemprego e traga mais pessoas para a força de trabalho.

O resultado é que enquanto alguns bancos centrais de países ricos podem estar se preparando para pisar no freio e muitos mercados emergentes já estejam reduzindo o estímulo, a política monetária global ultrafrouxa continuará presente por um tempo.

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Economistas do JPMorgan Chase estimam que bancos centrais de mercados desenvolvidos ainda adicionarão US$ 1,5 trilhão em ativos aos balanços em 2022 e que as taxas de juros globais aumentarão apenas 11 pontos-base ao longo do próximo ano, para uma média de 1,48%, ainda cerca de 80 pontos-base abaixo do nível pré-pandemia.

O aumento cumulativo das taxas de juros mundiais até agora permanece menor do que nos ciclos de aperto anteriores, o que significa que a maioria dos bancos centrais permanecerá com políticas acomodativas no próximo ano, de acordo com análises feitas por economistas do UBS.

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