Copom se precipitou em anunciar fim breve do forward guidance, dizem economistas

Thaís Zara, economista sênior da LCA Consultores, e Patrícia Pereira, estrategista-chefe da MAG Investimentos, discutem como fica o cenário agora

Anderson Figo

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SÃO PAULO — O Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, manteve inalterada a taxa básica de juros brasileira, a Selic, em 2% ao ano, nesta quarta-feira (9). A decisão já era amplamente esperada pelo mercado, mas o comunicado do BC trouxe algumas surpresas.

Na avaliação de Thaís Zara, economista sênior da LCA Consultores, e Patrícia Pereira, estrategista-chefe da MAG Investimentos, o que mais surpreendeu foi o fato de o Copom ter anunciado que acabará em breve com o forward guidance — a previsibilidade de longo prazo que era dada ao mercado sobre o baixo patamar dos juros.

“O que me chamou atenção é que a gente via um feedback dos diretores do BC e do próprio Roberto Campos, o presidente, de que o forward guidance estava funcionando em relação ao seu objetivo principal, que era de manter a ancoragem do mercado e diminuir volatilidade e ruído em relação aos próximos movimentos de juros”, disse Patrícia.

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“E todo mundo via que o principal ponto que poderia ruir esse forward guidance era o fiscal, mesmo sabendo que o sistema é de metas. Eu acho que teve um problema de comunicação grande com a maneira que foi colocado esse novo trecho. A questão não é nem se ele [o BC] está correto ou não ao fazer isso, mas a maneira como foi explicada com ‘retirada em breve’ ficou em discordância com os últimos comunicados do próprio BC. (…) O que ele vinha falando e o que ele fez agora, houve uma quebra. Eu espero uma explicação mais robusta na ata”, completou.

A estrategista afirmou que o BC, ao retirar o forward guidance, já deixou claro que não irá manter a Selic inalterada em 2021, que era o cenário-base da MAG para o próximo ano. As projeções, segundo ela, devem mudar a partir de agora, levando em conta as novas sinalizações do BC.

Já Thaís afirmou que a LCA já esperava um movimento de alta da Selic após a metade de 2021, com os juros encerrando o ano em 3%. “Talvez com essa sinalização a gente tenha alguma antecipação desse movimento, talvez na reunião de junho, talvez na de maio. Vai depender muito de como vai vir a atividade nesse começo de ano e da inflação”, disse.

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Sobre o fiscal, a economista disse que não devemos ter uma alteração significativa em janeiro, só em fevereiro depois da posse dos novos presidentes da Câmara e do Senado. “A gente tem como premissa de que o teto será mantido em 2021, que o compromisso com o ajuste fiscal será mantido ao longo de 2021. Mas é uma premissa que a gente vai ter que ir verificando conforme o tempo vai passando”, completou.

Sobre investimentos, a orientação da estrategista-chefe da MAG é de que nada muda, por ora. Segundo ela, o aumento da Selic em 2021, se ocorrer, será pouco e não vamos voltar aos juros que tínhamos no passado, de dois dígitos. “A diversificação segue valendo, inclusive dentro de um mesmo produto. Quem está na Bolsa, por exemplo, deve diversificar suas estratégias”, afirmou Patrícia. Assista à live completa acima.

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Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.