Ata teve coragem de explicitar debates com posições técnicas e defensáveis, diz Galípolo

Diretor de Política Monetária do BC elogiou equipe técnica do BC em debate e evitou comentar sobre possível aceleração nos cortes de juros

Estadão Conteúdo

Gabriel Galípolo (Washington Costa/MF)

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O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, destacou nesta terça-feira (15) que a última Ata do Comitê de Política Monetária (Copom) teve a coragem de explicitar os debates que foram realizados, com posições técnicas e defensáveis. “As decisões do Copom foram técnicas e todos os argumentos apresentados foram válidos”, salientou, em debate organizado pelo Conselho Federal de Economia (Cofecon). “A Ata teve atitude republicana de colocar quais os pontos estavam sendo debatidos”, afirmou.

Questionado sobre as divergências entre os grupos de diretores do BC em diversos pontos, ele se limitou a dizer que a divergência foi sobre iniciar o ciclo de cortes na Selic com 0,25 ponto percentual ou 0,50 p.p., mas que havia convergência sobre os próximos passos.

No começo do mês, o Copom optou por iniciar o ciclo de afrouxamento monetário com uma queda de 0,50 ponto percentual dos juros básicos, para 13,25% ao ano, o que surpreendeu uma parte do mercado, que apostava majoritariamente em uma queda mais “parcimoniosa”, de 0,25 ponto. O colegiado sinalizou ainda a manutenção do ritmo de cortes nas próximas reuniões.

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No debate de hoje, Galípolo evitou opinar sobre a possibilidade de o BC acelerar os cortes de juros para além de 0,50 p.p., ao dizer que ainda falta muito tempo para a próxima reunião e que é preciso observar os dados domésticos e externos.

Reunião ‘brifada’

O diretor do Banco Central disse ainda que nunca participou de uma reunião com tantas informações antecipadas como no ciclo do Copom. “Eu nunca participei de uma reunião tão bem brifada do ponto de vista de quantidade e qualidade de informação quanto no ciclo do Copom, o que mostra a imensa qualidade técnica do Copom. É impressionante a capacidade de entrega do corpo técnico (do BC)”, afirmou.

Galípolo alertou que há escassez de recursos para o BC, já que o último concurso público foi feito em 2013. Os servidores do BC estão mobilizados pedindo mudanças na estrutura da carreira.

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O diretor ainda disse que no Ministério da Fazenda havia um debate com o Tesouro Nacional sobre como a relação com o BC afeta liquidez para títulos do Tesouro e também para infraestrutura. “Quem são os doadores e tomadores nas relações compromissadas, como os fundos poderiam acessar depósitos voluntários remunerados? Essa é uma discussão que tentarei fazer nas próximas reuniões”, disse.

Juros futuros

O diretor de Política Monetária do Banco Central afirmou também que mesmo antes do último corte na Selic na reunião do Copom no início do mês, já havia um movimento de redução nos juros futuros que refletiam a melhora do ambiente econômico no governo Lula.

“Mesmo antes de a gente ter tido esse corte na última reunião do Copom, já vinha ocorrendo uma redução nos juros futuros”, disse ele, acrescentando que a diminuição era de aproximadamente 400 pontos-base na curva de juros que ia até o final de 2024.

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“Esse benefício da redução de juros já é capturado pelo mercado e condições financeiras, ainda que não tivesse sido iniciado o ciclo de corte de juros”, comentou, atribuindo a responsabilidade por esse desempenho às medidas adotadas pelo governo Lula para melhorar o ambiente econômico.