Ata do Fomc: Integrantes do Fed consideraram pausa nas taxas em março, mas concordaram em aumentar

No final, prevaleceu a leitura que a inflação estava bem acima da meta e que os dados davam poucos sinais de redução das pressões

Roberto de Lira

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Vários integrantes do Fomc, o comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) chegaram à reunião dos últimos dias 21 e 22 de março acreditando que seria apropriado manter a taxa de juros estável, interrompendo assim o ciclo de alta. O comentário está na ata da reunião divulgada nesta quarta-feira (12).

Segundo o documento, esses diretores observaram que isso permitiria mais tempo para o Comitê avaliar os efeitos financeiros e econômicos dos recentes desenvolvimentos do setor bancário e do aperto cumulativo da política monetária.

No entanto, esses participantes julgaram apropriado aumentar a taxa em 25 pontos-base por causa da inflação elevada, a força dos dados econômicos recentes e o compromisso de reduzir a inflação para a meta de 2% de longo prazo.

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Ao considerar as ações política monetária na reunião, os participantes concordaram que a inflação permaneceu bem acima da meta e que os dados recentes sobre a inflação forneceram poucos sinais de que as pressões inflacionárias estavam diminuindo em um ritmo suficiente para retornar a inflação a 2%.

Os participantes também observaram que os desenvolvimentos recentes no setor bancário provavelmente resultariam em condições de crédito mais restritas para famílias e empresas e afetariam a atividade econômica, as contratações e a inflação, embora a extensão desses efeitos fosse altamente incerta.

Diante desse cenário, todos os participantes concordaram que era apropriado aumentar a faixa-alvo para a taxa dos fundos federais em 25 pontos-base.

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A ata também informa que alguns participantes estavam na outra ponta, alegando que, dada a inflação persistentemente alta e a força dos dados econômicos recentes, seria apropriado reacelerar o ciclo, com um aumento de 50 pontos-base.

“No entanto, devido ao potencial de desenvolvimentos do setor bancário para apertar as condições financeiras e pesar sobre a atividade econômica e a inflação, eles julgaram prudente aumentar o intervalo da meta em um incremento menor nesta reunião”, diz o documento.

Esses participantes observaram que isso também daria ao Comitê tempo para avaliar melhor os efeitos dos desenvolvimentos do setor bancário nas condições de crédito e na economia, à medida que o Comitê avançava em direção a uma postura suficientemente restritiva da política monetária.

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Sobre as ações adotadas após a quebra do banco SVB e do estresse no setor que se seguiu, a ata do Fomc afirma que essas medidas do Fed, em coordenação com outras agências governamentais, serviram para acalmar as condições do setor bancário.

“Os participantes observaram que os problemas mais significativos pareciam estar limitados a um pequeno número de bancos com práticas de gestão de risco insatisfatórias e que o sistema bancário permanecia sólido e resiliente”, comenta o documento do B americano.

“Os participantes enfatizaram que o Federal Reserve deve usar suas ferramentas de liquidez e emprestador de último recurso, bem como suas ferramentas regulatórias e de supervisão microprudenciais e macroprudenciais, para enfrentar o estresse no setor bancário e mitigar futuros riscos à estabilidade financeira”, completa.

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Cenários interno e externo

Na parte do documento em que foi feita a revisão da situação econômica, foi comentado que as condições do mercado de trabalho permaneciam difíceis, com ganhos robustos de empregos e a taxa de desemprego perto de uma baixa histórica.

Ao mesmo tempo, inflação dos preços ao consumidor – medida pela variação percentual de 12 meses no índice de preços para despesas de consumo pessoal (PCE) – ainda estava elevada em janeiro.

Já o produto interno bruto (PIB) real parecia estar se expandindo a um ritmo modesto no primeiro trimestre, diz a ata.

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Ainda sobre o mercado de trabalho, foi cotado que o total de empregos na folha de pagamento não agrícola aumentou a um ritmo mensal mais rápido em janeiro e fevereiro do que no quarto trimestre do ano passado. E que a taxa de desemprego pouco mudou, ficando em 3,6% em fevereiro.

“Indicadores recentes de crescimento dos salários nominais diminuíram, mas continuaram elevados. Em fevereiro, a variação de 3 meses no salário médio por hora para todos os funcionários foi de uma taxa anual de 3,6%, mais lenta do que o ritmo de 4,6% em 12 meses”, diz a ata.

Além disso, o déficit comercial dos EUA vinha diminuindo desde março do ano passado, mas voltou a aumentar em dezembro e janeiro. As importações de bens reais aumentaram em dezembro e janeiro, lideradas por aumentos nas importações de bens de consumo e produtos automotivos. As exportações de bens reais também aumentaram, mas menos do que as importações.

Sobre o quadro no exterior, a Ata destaca que os indicadores sugeriam que o crescimento econômico estrangeiro se recuperou no primeiro trimestre de 2023, quando a China reabriu rapidamente de suas paralisações relacionadas ao covid-19 e a economia da Europa provou ser resistente ao choque de preços de energia decorrente da guerra da Rússia contra a Ucrânia, se beneficiando de um inverno ameno que demanda de energia reduzida.

“A atividade manufatureira na Ásia emergente mostrou sinais de recuperação após sua desaceleração pronunciada desde meados de 2022. Os recentes desenvolvimentos no setor bancário levaram a algum aperto das condições financeiras no exterior”, afirma a Ata.

Outro comentário foi que os preços do petróleo caíram, apesar da rápida reabertura da China e da implementação do embargo da União Europeia aos produtos petrolíferos refinados russos.

“A inflação de energia no varejo continuou a desacelerar, contribuindo para uma redução da inflação dos preços ao consumidor em muitas economias estrangeiras avançadas. Em contraste, o núcleo da inflação mostrou poucos sinais de desaceleração na maioria das economias estrangeiras em meio a mercados de trabalho apertados”, diz o documento.

Segundo a Ataca, em resposta, muitos bancos centrais estrangeiros continuaram a apertar a política monetária, embora alguns tenham feito uma pausa ou indicado que uma pausa em breve era possível, citando a importância de avaliar os efeitos cumulativos de aumentos anteriores nas taxas de juros.