Ata do Copom e IPCA de julho reforçam avaliação de alta da Selic para acima do patamar neutro até o fim do ano

Expectativa do mercado é de alta de 1 ponto da Selic na próxima reunião, em setembro

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Na manhã desta terça-feira (10), foram divulgados a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central – que elevou a Selic em 1 ponto percentual, para 5,25% ao ano – e também o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho, o mais elevado para o mês desde 2002 e o maior de 2021 ao subir 0,96%.

Na ata do Copom, a autoridade monetária reforçou que o Comitê antevê outro ajuste de mesma magnitude para a próxima reunião e que o cenário básico e o balanço de riscos indicam ser apropriado um ciclo de elevação da taxa de juros para um patamar acima do neutro.

Quando está abaixo do ponto neutro, a intenção da autoridade monetária com a taxa Selic é gerar um estímulo para o aquecimento da economia, e, quando está acima desse ponto, o objetivo é reduzir o ritmo de expansão.

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De acordo com João Leal, economista da Rio Bravo, a ata não trouxe grandes mudanças em relação à política monetária que já tinha sido falado em comunicado do BC pós-Copom, só reafirmando que a inflação de serviços continua preocupando bastante e a persistência inflacionária ainda é o pior ponto de preocupação da autoridade monetária.

Porém, houve duas surpresas, na avaliação do economista. Em primeiro lugar, o debate sobre a ociosidade. No documento, o comitê destacou que ela deve diminuir e retornar ao nível do fim de 2019, mas considera que a pandemia ainda segue produzindo efeitos heterogêneos sobre os setores econômicos e, em particular, sobre o mercado de trabalho, com consequências para a dinâmica recente e prospectiva da inflação. “Talvez até justifique um pouco a projeção do BC estar um pouco abaixo da do mercado para a inflação a partir de 2022”, afirma o economista.

Além disso, também houve uma pequena mudança no tom em relação ao fiscal. “O BC vinha destacando que o fiscal havia melhorado nas últimas reuniões de política monetária. E, de fato, havia melhorado. Tínhamos um resultado primário muito melhor do que estávamos esperando inicialmente. Mas, dessa vez, eles adicionaram de novo que os riscos fiscais levam o BC a adotar uma política monetária contracionista. Esse deve ser mais um dos fatores que eles estão colocando peso agora”, avalia o economista, ressaltando as discussões sobre o Orçamento de 2022, que também têm contribuído para a percepção de risco para o mercado brasileiro nas últimas semanas.

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O Itaú também aponta que ata mostrou que as autoridades continuam preocupadas com as perspectivas e os riscos para a inflação. ”O Copom sinalizou que a longa sequência de choques e revisões das expectativas de inflação podem
levar a um aumento da inércia inflacionária. (…) O comitê concluiu, portanto, que um ajuste mais incisivo foi a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para as metas”, apontam os economistas do banco.

Já os números do IPCA, ainda que a patamares bastante elevados, foram bastante em linha com o esperado, aponta Leal. Olhando para os componentes do índice de preços, observou-se uma surpresa para baixo em alimentos e para cima especialmente em transportes.

“Vale destacar ainda que serviços, que é um ponto que temos mantido maior foco nessas últimas divulgações, aceleraram em relação ao mês passado, mas vieram abaixo do que estávamos esperando, o que atenua esse efeito de uma inflação mais pressionada”, avalia.

Assim, Leal reforça a expectativa para que o BC caminhe para subir os juros em 1 ponto percentual  na próxima reunião do Copom, de 0,75 ponto em outubro e de 0,5 ponto em dezembro, fechando o ano em 7,5% ao ano.

A expectativa da Rio Bravo é de que a Selic se mantenha em 7,5% em 2022 e volte a cair em 2023 com o arrefecimento dos preços, o que pode levar o BC a retornar à taxa neutra de cerca de 6,5% em 2023.

“Tanto a ata quanto o IPCA não trouxeram mudanças, e sim reforçaram a expectativa [pós-Copom]. Porém, se o fiscal tiver uma deterioração até a reunião de setembro ou nos próximos meses, provavelmente haverá uma mudança, mas esse não é o cenário-base”, avalia.

O Itaú também tem uma expectativa de nova alta de 1 ponto da Selic na reunião em setembro, para uma taxa final de 7,5%.

Com relação ao IPCA, o Bank of America espera que a inflação mensal desacelere, impulsionada pelo alívio dos preços da energia e das passagens aéreas.

“Esperamos que a inflação atinja um pico de 9,26% no comparativo anual em agosto. No entanto, algumas pressões de alta permanecem, uma vez que os alimentos continuam a ser pressionados pelos produtos e a inflação de serviços continua a subir com a reabertura da economia. Por outro lado, os preços administrados devem sofrer algum alívio, com a dissipação da alta dos preços de energia. Além disso, o ciclo de alta de juros em andamento pelo BC deve evitar que as pressões persistam no médio prazo. Os riscos de alta são: preços das commodities, fiscais e aumentos adicionais nas tarifas de energia, dados os baixos níveis dos reservatórios”, avaliam os economistas do BofA. Eles revisaram a inflação de 6,5% para 7% para este ano e de 3,5% para 3,8% no próximo.

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