Após pior semana de mortes por Covid-19, governadores buscam pacto nacional para deter escalada

O Brasil registrou na última semana epidemiológica encerrada no fim de semana 1.443 mortes por dia

Reuters

(Rodrigo Paiva/Getty Images)

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RIO DE JANEIRO/BRASÍLIA – Diante da epidemia de Covid-19 que mais avança no mundo atualmente e um número recorde de mortes por dia desde o início do surto no Brasil, governadores tentam articular um pacto nacional para conter o avanço descontrolado da doença, ante o ritmo lento da vacinação e a circulação de novas variantes pelo país.

O Brasil registrou na última semana epidemiológica encerrada no fim de semana 1.443 mortes por dia, um aumento de 31,6% ante média de 1.096 mortes diárias no primeiro pico da pandemia, em julho do ano passado, ressaltando o agravamento da situação no país, na contramão do que ocorre no mundo.

Enquanto nos demais países mais afetados pela Covid as mortes têm recuado com o avanço da vacinação, em especial nos Estados Unidos –país que concentra o maior número de óbitos–, no Brasil o número de óbitos disparou para mais de 10.100 na semana passada, à medida que a imunização caminha a passos lentos.

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“A situação se agravou no Brasil com as variantes e uma vacinação muito lenta”, disse a pesquisadora em saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Chrystina Barros.

Com menos de 4% da população vacinada e o avanço pelo país da variante de Manaus, apontada como mais transmissível e capaz de escapar de anticorpos de infecções anteriores por Covid, o Brasil lidera o mundo em casos novos da doença por dia em média na última semana, com quase 67 mil, à frente inclusive dos EUA, de acordo com cálculos da Reuters.

A variante da capital do Amazonas já é responsável pela maioria dos casos em seis de oito Estados testados em um Estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e, além dela, também está em circulação no país a variante do Reino Unido, que também é considerada mais transmissível.

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Por todo país hospitais estão com leitos de UTI lotados. De acordo com a Fiocruz, 19 Estados estão com ocupação superior a 80%, sendo que em 10 passa de 90%, mediante um agravamento simultâneo de diversos indicados, como crescimento de casos e óbitos, manutenção de altos níveis de incidência e alta positividade de testes.

“Assistimos no Brasil uma escalda da doença. As medidas restritivas são necessárias, mas se essas medidas não conseguirem conter a Covid, mais terá que ser adotado”, disse o infectologista Roberto Medronho, da UFRJ. “O que queremos agora é salvar o maior número de vidas possível, não importa como.”

Mediante a falta de uma coordenação nacional para tentar conter a propagação do vírus –uma vez que o presidente Jair Bolsonaro é contrário às quarentenas– governadores buscam uma articulação nacional para enfrentar a situação.

Diversos Estados têm decretado individualmente medidas de restrição da circulação de pessoas, com destaque para o fechamento de todas as atividades não essenciais em todo Estado de São Paulo e a imposição de medidas rígidas em Belo Horizonte e Salvador, por exemplo.

Governadores agora articulam a adoção de um pacto nacional com a intenção de reforçar as medidas preventivas até 14 de março. A proposta foi feita pelo governador do Piauí, Wellington Dias (PT), que coordena a questão da Covid no Fórum Nacional dos Governadores, aos chefes de Executivo estaduais para uma definição.

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), disse à Reuters que o grupo trabalha para que a Câmara e o Senado participem dessa coordenação nacional, além de prefeitos e secretários estaduais de Saúde.

Apesar de não haver consenso entre os governadores, Dino defendeu a participação do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, no pacto. “Considero imprescindível”, disse. “O governo federal não pode continuar a se omitir”, reforçou.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), afirmou à Reuters que ainda não há uma definição quanto à atuação do grupo. “Teremos algumas conversas hoje para entender caminhos possíveis para esse protocolo conjunto”, disse.

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