Após payroll, expectativa pelo Fed deve ser “menor e mais tardia”, diz El-Erian

Para o economista, criação de vagas e crescimento salarial acima do esperado alteram cenário de afrouxamento monetário nos EUA

Paulo Barros

(Foto: Divulgação/World Economic Forum)
(Foto: Divulgação/World Economic Forum)

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O economista e presidente do Queens’ College, Cambridge Mohamed El-Erian afirmou nesta sexta-feira (6) que os dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos reduzem as chances de cortes imediatos na taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).

“Uma mensagem clara do relatório de empregos dos EUA de hoje é que, quaisquer que fossem as expectativas médias para os cortes de juros do Fed, elas agora devem ser um pouco menores e um pouco mais tardias”, escreveu El-Erian em seu perfil no X (antigo Twitter).

Segundo ele, o motivo é a superação das projeções tanto para a criação de empregos quanto o crescimento dos salários em maio.

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Foram geradas 139 mil vagas no mês, número acima da mediana de 130 mil das estimadas por analistas consultados pela Reuters. Já os salários avançaram 0,4% na comparação mensal e 3,9% em relação ao ano anterior, superando as projeções de 0,3% e 3,7%, respectivamente.

A avaliação de El-Erian indica uma possível mudança na trajetória esperada da política monetária nos EUA, em linha com a percepção de que a atividade segue resiliente, o que pode adiar o início de um ciclo de afrouxamento por parte do Fed.

O relatório de emprego impulsionou Wall Street, pela perspectiva de que o desempenho sólido da economia pode afastar de vez o fantasma da recessão. Por outro lado, os juros pagos pelos títulos americanos de dez anos voltaram a avançar, indicando pessimismo diante da política monetária.

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Até então, o mercado, incluindo o próprio El-Erian, esperava por apenas um corte de juros nos EUA este ano, começando em setembro. Em abril, o economista reforçou que, para que esse cenário, considerando otimista, se concretizasse, Trump deveria dar mais clareza sobre sua política de tarifas — algo que, até aqui, não aconteceu, apesar do alívio de ontem com a primeira ligação em meses entre ele e Xi Jinping.

Paulo Barros

Jornalista, editor de Hard News no InfoMoney. Escreve principalmente sobre economia e investimentos, além de internacional (correspondente baseado em Lisboa)