Mercado Livre: a história da empresa de tecnologia mais valiosa da América Latina

Com valor de mercado de quase US$ 40 bilhões atualmente, o Mercado Livre virou gigante de compra e venda de produtos, de logística e de serviços financeiros

Mariana Fonseca

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Stelleo Tolda foi um dos fundadores de um site de leilões lá na Argentina – e isso alguns meses antes de a bolha da internet estourar. Esse foi o começo do Mercado Livre (MELI34), hoje a empresa de tecnologia mais valiosa da América Latina. Atualmente com um valor de mercado de quase US$ 40 bilhões, a empresa apresentou uma receita de US$ 7,7 bilhões no primeiro trimestre deste ano, alta de 32% na comparação com o mesmo período de 2021.

Tolda foi o convidado para um episódio especial, comemorando três anos do Do Zero Ao Topo, marca de empreendedorismo do InfoMoney. O podcast contou também com uma plateia virtual, que fez suas perguntas ao cofundador do Mercado Livre. Neste episódio, Tolda relembra sua trajetória e conta como o Mercado Livre foi daquele site de leilões para uma gigante de compra e venda de produtos, de logística e de serviços financeiros. O programa está disponível em vídeo no YouTube ou nas plataformas ApplePodcastsSpotifyDeezerSpreakerGoogle PodcastCastbox e Amazon Music.

“Saímos da universidade lá em 1999, sonhando com a internet na América Latina. (…) Temos crescido de forma constante. Mas estamos só no começo”, afirma. Confira alguns trechos da conversa com Stelleo Tolda:

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Do Zero Ao Topo – Quem gosta de empreendedorismo já ouviu muito as histórias dos fundadores do Vale do Silício, criando seus negócios nas garagens de casa. Provavelmente, até duvida se essas histórias aconteceram mesmo. Mas no caso de vocês três [Stelleo Tolda, Marcos Galperin e Hernán Kazah] realmente aconteceu, né? Mas numa garagem de Buenos Aires.

Stelleo Tolda – Isso, e também não foi na garagem de casa. É interessante como a gente começou. Começamos numa garagem de um edifício comercial. Pegamos duas vagas, colocamos paredes de drywall e isso foi nosso primeiro escritório. Botamos uns cavaletes, compramos uns compradores e assim nasceu o primeiro escritório do Mercado Livre, lá na Argentina.

Foi um começo modesto, assim como o de toda empresa. A gente transportou essa ideia da garagem para uma realidade mais da América Latina.

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A gente escuta sobre as expansões do Mercado Livre e pensa muito sobre inovação. Inclusive, o Mercado Livre foi considerado a empresa mais inovadora da América Latina em um ranking da revista Fast Company. Para você, o que é inovação? E como uma empresa consegue se manter inovadora, atingindo um tamanho tão grande quanto o Mercado Livre?

Stelleo Tolda – A gente remete [essa inovação] a um valor da cultura da empresa, que é estar em “beta contínuo”. Esse “beta” se refere à empresa, mas também à gente, como indivíduos. É a ideia de que tudo que a gente faz pode e deve ser melhorado. Nunca temos um produto acabado. Tomamos esse termo emprestado do mundo da tecnologia, já que versão “beta” é uma versão que não é a final.

(…) A gente considera que inovação não é necessariamente invenção. As pessoas confundem as duas coisas. A invenção está contida dentro da inovação, que muitas vezes é a melhoria de algo já existente. É algo que temos feito muito. Temos encarado desafios de novas categorias e novos segmentos de negócio. Mas o foco está sempre em como melhorar a experiência dos clientes.

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Sobre planos futuros, o Mercado Livre anunciou que vai investir R$ 17 bilhões no Brasil neste ano. Entre os objetivos, vocês mencionaram que vão investir em logística, serviços e compras de supermercado.

Stelleo Tolda – Dentro do nosso marketplace, enxergamos o potencial de expansão para novas categorias. Essa categoria de supermercados ainda tem baixa penetração no e-commerce brasileiro, mas que está passando por uma grande transformação também.

Nós e outros estamos trabalhando no sentido de oferecer melhores experiências para fazer compras de supermercado através de plataformas online. Um grande desafio é a questão do frete. Para justificar essas compras de supermercado, precisamos de carrinhos maiores. É um desafio que essa indústria tem desde sempre: como viabilizar a operação de um supermercado online, considerando os custos do frete. Temos investido e trabalho muito nisso.

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Parte dos recursos vai para desenvolver essa categoria, mas não apenas ela. A logística tem sido um grande foco do Mercado Livre. Ouço as pessoas comentarem quão rápido a empresa entrega, e como essa velocidade é até surpreendente. Tem um grande investimento por trás disso em tecnologia para logística, sem falar na parceria com transportadores.

Nosso investimento vai para acelerar ainda mais o tempo de entrega. Sabemos que o consumidor não volta atrás. Depois que ele tem uma boa experiência, a busca é sempre pela melhora. Estamos focados em aumentar nossa participação de entregas que acontecem em menos de dois, em menos de um dia e até no mesmo dia. E, claro, serviços financeiros. O Mercado Pago tem um grande potencial.

Sobre o Do Zero ao Topo

O podcast Do Zero ao Topo traz, a cada semana, um empresário de destaque no mercado brasileiro para contar a sua história, compartilhando os maiores desafios enfrentados ao longo do caminho e as principais estratégias usadas na construção do negócio. O programa já recebeu nomes como André Penha, cofundador do QuintoAndar; David Neeleman, fundador da Azul; José Galló, executivo responsável pela ascensão da Renner; Guilherme Benchimol, fundador da XP Investimentos; Artur Grynbaum, CEO do Grupo Boticário; Sebastião Bonfim, criador da Centauro; e Edgard Corona, da rede Smart Fit.

Mariana Fonseca

Subeditora do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre empreendedorismo, gestão e inovação. Coapresentadora do podcast e dos vídeos da marca Do Zero Ao Topo.