Esta é a próxima estratégia de Flávio Augusto, após venda do Orlando City

A Conquer é uma escola de negócios da nova economia; Wiser Educação fez investimento minoritário no negócio, com opção de compra em até 18 meses

Mariana Fonseca

Flávio Augusto da Silva, da Wiser Educação (Divulgação)

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São Paulo – O empresário Flávio Augusto da Silva está completamente focado no mercado de educação, após a venda do clube de futebol Orlando City. A Wiser Educação, empresa do setor fundada pelo empresário em 1994, reúne marcas como Wise Up, Wise Up Online e meuSucesso.com. Agora, o grupo irá além dos cursos de inglês e das histórias de empreendedorismo: soft skills estão no topo das prioridades.

A Wiser Educação anunciou um investimento minoritário na Conquer, uma “escola de negócios para a nova economia”. O aporte dá direito a uma opção de compra em 12 a 18 meses. O valor da transação não foi divulgado.

O Do Zero Ao Topo, marca de empreendedorismo do InfoMoney, conversou com Flávio Augusto e com Hendel Favarin, um dos cofundadores da Conquer. Os empreendedores falaram sobre a transformação digital na educação provocada pela Covid-19; as conversas até o acordo de aquisição; e os próximos passos para Wiser Educação e Conquer.

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Educação: das escolas para a internet

A Conquer foi criada por Hendel Favarin, Josef Rubin e Sidnei Junior em 2016. Segundo Favarin, o negócio nasceu a partir da insatisfação com conteúdos, professores e metodologia. “Tínhamos aulas sobre temas que nunca usamos em nossas vidas, docentes muito teóricos e uma forma de ensinar ultrapassada. Queríamos levar conteúdos que transformassem a vida dos alunos, professores de mercado e uma metodologia que não forçasse as pessoas a tomarem café para assistirem à aula.”

A Conquer dá aulas sobre termas como gestão, inglês, inteligência emocional, liderança, marketing digital, negociação, oratória e vendas. O negócio começou com uma escola em Curitiba (Paraná), e chegou a ter seis unidades e atender mais de 300 empresas com treinamentos corporativos. Foram mais de 35 mil alunos capacitados nessas frentes entre 2016 e 2020.

Fundadores da Conquer (Divulgação)

A pandemia de Covid-19 forçou a digitalização das aulas, porém. A Conquer se tornou 100% digital, com aulas ao vivo e gravadas em uma plataforma online. A adaptação foi feita em poucas semanas, primeiro com cursos avulsos e depois com assinatura para acesso a todas as aulas.

A virada rápida rendeu frutos. A Conquer impactou 1 milhão de pessoas com cursos gratuitos e pagos, em 80 países. Pouco mais de um ano depois, a Conquer já acumula 30 mil alunos ativos e pagantes na sua plataforma.

A startup de educação quase dobrou seu faturamento em 2020, para R$ 35 milhões. “As unidades físicas serão reativadas no futuro para uma experiência premium, mas 95% do crescimento será por canais digitais”, diz Favarin. “Esse crescimento também se deu porque as habilidades que trabalhamos tiveram uma grande procura na pandemia. Tanto lideranças quanto funcionários de base buscaram mais inteligência emocional em tempos tão estressantes, por exemplo.”

Uma história de digitalização similar aconteceu na Wiser, e se tornou um ponto de conexão entre as duas empresas. A Wiser Educação saltou de 65 mil alunos de 180 cidades para mais de 300 mil de 4 mil cidades.

“A educação foi uma das áreas mais afetadas pela pandemia, porque existe aglomeração nas salas de aulas – colocar apenas um terço dos alunos inviabiliza o negócio. Temos mais de 400 escolas fechadas há 15 meses, sem previsão de abertura porque dependemos da vacinação e da volta completa das atividades”, diz Augusto. “Fizemos uma reformatação para o ensino online, enquanto outras escolas estão paradas e esperando a reabertura até hoje. Em um ano, a Covid-19 forçou transformações que nos tomariam dez anos.”

Próximos passos para Conquer e Wiser

Conversas entre Conquer e Wiser acontecem há meses, segundo os empreendedores. “A Wiser tem uma trajetória de 26 anos e é referência no mercado de educação. Temos valores compartilhados sobre o ensino e passamos pela mesma virada de chave na pandemia”, diz Favarin.

Segundo Augusto, o contrato deu segurança de aquisição para a Wiser e possibilidade de geração de valor para os fundadores da Conquer. “Temos uma estrutura faseada até a aquisição. Poderíamos ter adquirido 100% da startup por um certo preço. Mas, com uma aquisição gradual, os fundadores podem criar mais riqueza para eles a cada etapa.”

Parte da proposta é que os fundadores da Conquer vão integrar o organograma de sócios da Wiser depois da aquisição. “É a chance de tê-los conosco. Poderíamos ter criado uma solução própria, mas a qualidade do produto deles é excelente e vimos valor nos próprios empreendedores. A capacidade de virada rápida na pedagogia, na estratégia de vendas e na operação em si demonstrou a competência deles”, diz Augusto.

Em 2021, a Conquer pretende faturar R$ 50 milhões. Os próximos 12 meses estão sendo desenhados com a Wiser, mas a startup de educação já sabe que vai lançar novos cursos e expandir seus canais de venda.

Com a Conquer, o total de alunos da Wiser Educação foi elevado para mais de 330 mil. A companhia pretende crescer 115% em 2021 e 50% em 2022.

Aquisições como a da Conquer são estratégicas para atingir essas expansões. A Wiser está conversando com 40 empresas atualmente, com o objetivo de comprar seis ou sete novas operações. “Queremos ser uma plataforma multiconteúdo. Estamos olhando áreas relacionadas com boas práticas nos negócios e empregabilidade, ajudando empreendedores e funcionários”, diz Augusto.

Pelo menos as primeiras aquisições serão feitas com o próprio caixa da companhia. Para o futuro, o fundador da Wiser Educação afirmou que uma oferta pública inicial de ações (IPO) está na mesa, mas sem prazo nem pressa.

“Temos várias alternativas. Podemos fazer um investimento dos sócios, uma alavancagem ou captações privadas e públicas. Fazer um IPO dentro ou fora do Brasil pode ser parte do nosso plano. Mas agora estamos focados em crescer e consolidar.”

Mariana Fonseca

Subeditora do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre empreendedorismo, gestão e inovação. Coapresentadora do podcast e dos vídeos da marca Do Zero Ao Topo.