Brasil pode ser um ótimo país para receber nossos investimentos, diz Serena Williams

Maior tenista feminina da história falou sobre sua trajetória, superações e como descobriu seu lado como empreendedora

Mariana Amaro

(Arte: Leonardo Albertino/InfoMoney)

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O que acontece depois que se alcança a excelência? Para uma das maiores tenistas de todos os tempos, Serena Williams, de 40 anos, o que veio depois da vitória em 23 torneios de Grand Slam foi o mundo dos negócios.

Desde 2014, a esportista tem usado seu nome – e fortuna – para fazer a diferença. Ela já investia em algumas startups mas, em um evento, ouviu que menos de 2% dos investimentos de risco nos Estados Unidos eram destinados a empresas lideradas por mulheres. “O jeito de mudar isso é tendo uma mulher negra assinando o cheque para outras mulheres negras”, disse Williams no painel de encerramento da Expert XP 2022.

Williams criou, então, com a sócia Alison Rapaport Stillman, uma gestora de capital de risco – venture capital – focada em investir em startups lideradas por mulheres, latinos e negros, a Serena Ventures.

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Desde então, mais de 60 startups passaram pelo fundo e 13 dessas companhias se tornaram unicórnios – as startups com valor de mercado superior a US$ 1 bilhão. E mais: 68% dos investimentos são destinados para empresa cujos fundadores são mulheres ou pessoas negras e latinas.

Em março deste ano, depois de mais de sete anos investindo dinheiro próprio, ela e a sócia decidiram captar. Antes, porém, estudaram o modelo e definiram o valor que seria arrecadado: US$ 111 milhões. Boa parte desse dinheiro está guardado para investir fora do Estados Unidos. “Brasil seria um ótimo país para isso [receber investimentos]”, afirmou a tenista que admitiu olhar também para alguns países da África. “Queremos que Serena Ventures seja uma plataforma global e moderna”, diz.

Para quem está começando a empreender, Serena reforça a necessidade de pensar no longo prazo e traçar um plano – uma mensagem que seu pai passou para ela. “Ele sempre diz: ‘ se você falhar em planejar, você planeja falhar”.

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Antes dos investimentos

Caçula entre cinco irmãs, Serena começou a praticar tênis aos três anos de idade e entrou na liga profissional em 1995. Seu primeiro título veio em 1999, na França, e, no mesmo ano, ela venceu o US Open. Ocupou seis vezes o topo do ranking feminino de tênis, colecionou prêmios e, não à toa, ganhou o apelido de Rainha das Quadras.

A história da sua família virou o filme King Richard: Criando Campeãs, lançado no ano passado, que narra a trajetória de Richard Williams para transformar suas filhas, Venus e Serena, em campeãs do tênis. A atuação de Will Smith no papel do protagonista rendeu a ele seu primeiro Oscar.

A família inteira participou ativamente da produção (“minha irmã estava no set de filmagem todos os dias”) e todos se emocionaram com o resultado. “Foi muito empolgante fazer parte do processo”, diz. Mas o mais gratificante, para a atleta, foi a possibilidade de outras pessoas verem seu pai sob uma luz diferente, a de um planejador determinado.

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Para quem não assistiu ao filme, fica o alerta de spoiler: a obra acaba antes de Serena começar sua espetacular carreira, e com um recado do pai — que aconteceu de verdade: “sua irmã vai ser a melhor do mundo. Não há dúvida disso. Mas você vai ser a melhor que já existiu”.  A profecia estava correta, mas seu pai fez outra ao longo do filme, para as filhas: “vocês vão representar todas as meninas negras do mundo”. Para Serena, ao que parece, não basta representá-las: ela vai, também, financiá-las.

Mariana Amaro

Editora de Negócios do InfoMoney e apresentadora do podcast Do Zero ao Topo. Cobre negócios e inovação.