A visão de Meta e Mercado Bitcoin sobre o metaverso

Gigante de tecnologia e unicórnio brasileiro das criptomoedas falaram sobre o presente e o futuro da união entre real e virtual

Mariana Fonseca

(Crédito: Getty Images)

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O metaverso, utopia futurista que busca unir os mundos real e virtual, é um mercado que deve chegar a US$ 800 bilhões em 2024, segundo a Bloomberg Intelligence. E empresas como Meta (FBOK34, dona do Facebook) e Mercado Bitcoin já estão trabalhando para transformar esse universo em cotidiano. A gigante de tecnologia e o unicórnio brasileiro das criptomoedas falaram sobre seus planos atuais e futuros para o metaverso durante o evento Founders Summit.

Na prática, o metaverso é um ambiente virtual imersivo construído por meio de diversas tecnologias, como realidade virtual e realidade aumentada. Nesse universo, que ainda não é real em sua totalidade, as pessoas poderiam interagir umas com as outras, trabalhar, estudar e ter uma vida social por meio de seus avatares 3D (bonecos virtuais customizados). Ou seja, o objetivo é que pessoas não sejam apenas observadores do virtual, mas façam parte dele. Entusiastas veem no metaverso a evolução da internet – como Meta e Mercado Bitcoin.

Dos filtros de Instagram para o metaverso

O “namoro” do Facebook pelo metaverso é antigo, e o interesse comercial não é novidade. Em 2014, o grupo comprou a Oculus, empresa que fabrica headsets de realidade virtual. Esse interesse da gigante de tecnologia pelo metaverso se firmou ainda mais em outubro de 2021, quando o Facebook mudou seu nome para Meta.

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“Hoje somos vistos como uma empresa de mídia social, mas em nosso DNA somos uma empresa que constrói tecnologia para conectar pessoas, e o metaverso é a próxima fronteira, assim como a rede social foi quando começamos”, afirmou o fundador Mark Zuckerberg na época.

Caroline Dalmolin, diretora de parcerias de plataformas na América Latina para a Meta, ressaltou que o metaverso não vai acontecer “de um dia para o outro”. Existem desafios como a democratização da internet de qualidade, com o 5G ainda engatinhando em muitos países, e o acesso econômico a equipamentos de realidade virtual, como o próprio Oculus.

“Se seu serviço exige uma tecnologia que está presente apenas para um núcleo da população, ele não vai ser escalável”, disse a diretora. “Não vamos clicar em um botão e de repente estar trabalhando com todos os gadgets e softwares que permitem uma experiência imersiva. (…) A visão que compartilhamos com o mundo é uma visão de dez anos.”

Para Caroline, a primeira porta de entrada para o metaverso é um equipamento que boa parte dos brasileiros tem nas mãos: o celular. Celulares inteligentes permitem o uso da realidade aumentada – projetar elementos virtuais em telas apontadas para o mundo real. Exemplos conhecidos de realidade aumentada são o jogo Pokemon Go e os filtros usados em redes sociais, como o Instagram, propriedade da Meta.

“Temos 700 milhões de usuários de filtros no mundo, e o latino-americano é um dos maiores usuários de redes sociais. Apenas o Brasil tem 7 mil criadores mensais de filtros que usam realidade aumentada, e a maioria começou há até dois anos, durante a pandemia.”

A Meta já lançou filtros com geolocalização. “Esse recurso pode levar a uma experiência diferenciada assim que chega a uma praça específica. A publicidade especialmente já pode explorar muito isso”, explicou Caroline. A diretora compartilhou um exemplo que poderá ser implementado pela Meta: filtros exclusivos apenas para quem estiver no Catar durante a Copa do Mundo de 2022.

O metaverso precisa da sua própria economia

Um dos principais exemplos citados quando se falava de metaverso é o jogo Second Life, lançado em 2003 pela empresa americana Liden Lab. O game é um ambiente virtual 3D que simula a vida real. Ao entrar, os usuários podem criar avatares e socializar uns com os outros.

O jogo atraiu milhares de gamers, mas não conseguiu unir completamente os mundos real e virtual. Um dos motivos é que o projeto não foi capaz de criar uma economia digital, na qual as pessoas pudessem ganhar dinheiro ou mesmo ter uma propriedade virtual. Por isso, o Mercado Bitcoin está atuando como provedor de infraestrutura de pagamentos para o ambiente que une virtual e real.

Conheça os batidores de como o Mercado Bitcoin se tornou o primeiro unicórnio brasileiro de criptomoedas – os cofundadores Gustavo Chamati e Maurício Chamati até foram chamados de loucos quando decidiram investir no segmento de bitcoins – neste episódio do podcast Do Zero Ao Topo:

A ideia é que o metaverso tenha uma economia virtual própria, e que as pessoas possam trabalhar, adquirir casas, comprar roupas, ir a festas, fazer reuniões e ter de fato uma vida online. O blockchain e as tecnologias que funcionam com base nesse banco descentralizado de registros, como criptomoedas e NFTs (tokens não fungíveis), são essenciais para essa nova realidade.

Por meio das criptomoedas, é possível movimentar valores. Por meio das NFTs, realizar o registro de propriedades virtuais. Jogos como Decentraland (MANA), Sandbox (SAND) e Axie Infinity (AXS) já usam criptomoedas em suas operações.

“O blockchain faz a gente voltar ao metaverso com mais esperança de que ele vai acontecer. O Bitcoin e todos os criptoativos que surgiram depois trazem a possibilidade de ter um bem digital que de fato é seu, e sem depender de uma estrutura física para validar sua posse”, afirmou Reinaldo Rabelo, CEO do Mercado Bitcoin. “É fundamental para um ambiente virtual em que você vai viver, ter sua terra e trocar experiências e propriedades. E o Mercado Bitcoin transaciona esses pedaços de posse através de uma plataforma de negociação. Aí que nós nos conectamos ao metaverso”. Diversas criptomoedas associadas ao metaverso estão listadas na exchange, como SLP e SAND.

Mariana Fonseca

Subeditora do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre empreendedorismo, gestão e inovação. Coapresentadora do podcast e dos vídeos da marca Do Zero Ao Topo.