“Plano fiscal de Trump parece encorajador para os mercados”, diz estrategista nos EUA

Estrategista-chefe da XP Securities traça cenário positivo e lista setores que têm se beneficiado no mercado norte-americano

Equipe InfoMoney

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O dia 9 de novembro entrou para a história como a data em que Donald Trump venceu a eleição para presidente dos EUA, contrariando praticamente todas as projeções que haviam até então. Se o fato ganhou manchetes de jornais com ares de preocupação, nos mercados financeiros a reação foi um tanto diferente.

O S&P 500, principal índice acionário para o mercado norte-americano, encerrou o pregão seguinte às eleições em terreno positivo, e continua trilhando trajetória de alta nas últimas sessões, aproximando-se das máximas históricas.

Para entender um pouco melhor os impactos de Trump na economia norte-americana e nos mercados financeiros, conversamos com Alberto Bernal, estrategista-chefe de investimentos da XP Securities, que é o escritório norte-americano do Grupo XP. Nomeado por veículos de comunicação como um dos economistas mais importantes da Colômbia, Bernal foi chefe da área de análise na Bear Stearns e na Bulltick em Nova York e ainda leciona como professor adjunto na Business School of the University of Miami.

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Alberto Bernal/Divulgação
Alberto Bernal/Divulgação

InfoMoney – Como você avalia a trajetória da economia norte-americana após a eleição de Trump?

Alberto Bernal – Eu estava prevendo que Hillary vencesse, mas claramente 2016 está provando ser o ano dos “Black Swans”. Minha visão sobre Trump é simples. Se Trump “trair” seus apoiadores do núcleo duro e decidir a favor de um governo mais pró-mercado dentro do Partido Republicano, em outras palavras, se Trump se abster de deixar o Nafta e de começar uma guerra comercial com a China, as coisas parecerão cada vez mais positivas. O plano fiscal de Trump parece encorajador para os mercados, e os EUA claramente precisam ver alguns novos investimentos em infraestrutura.

IM – Como você acha que a política fiscal de Trump afetará o consumo e o crescimento nos próximos anos?

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AB – Gastos crescentes em infraestrutura ajudarão a baixa classe média nos EUA a ver algum aumento em suas folhas de pagamento, porque teremos à disposição mais empregos estáveis, e porque alguma inflação salarial de fato se materializará. Estou menos positivo com relação à possibilidade de a redução dos impostos de fato gerar mais consumo, à medida que eu acredito que a nova “frugalidade” do consumidor norte-americano é uma condição permanente.

IM – Nas últimas semanas, vimos muitos investidores preocupados sobre como os mercados reagiriam a uma vitória de Trump. Após os resultados da eleição, no entanto, nós vemos o S&P 500 de volta às máximas históricas. Como explicar esse comportamento?

AB – O impressionante rali visto desde as eleições está correlacionado à aposta que os mercados estão fazendo nesse momento. Mais precisamente, de que o “Presidente Trump” será completamente diferente do “Candidato Trump”. Adicionalmente, parece provável que a administração Trump será positiva para o setor financeiro, o setor de saúde e o setor de energia. Esses setores estão performando muito bem desde o fim das eleições.

IM – Qual será o “Efeito Trump” no S&P 500 no médio prazo?

AB – Minha visão é de que o S&P 500 continuará a negociar em alta nos anos que virão. Entre outras coisas, historicamente o S&P 500 tem apresentado uma tendência de retornar 8,6% por ano, mas, apesar do rali visto desde a grande depressão em 2008-2009, o mercado retornou apenas 4,7% por ano nos últimos 10 anos. Acredito que essa underperformance, aliada a uma política monetária ainda um tanto persistentemente expansionista, suporte os mercados em alta no futuro.

IM – Como você vê as taxas de juros mais altas afetando o mercado acionário?

AB – Prevejo que o forte aumento nas taxas de juros chegue a um fim em breve. A economia norte-americana crescerá mais em 2017 e em 2018 por conta dos estímulos fiscais, mas nós não iremos retornar aos anos maravilhosos de crescimento norte-americano. A economia dos EUA não pode e não deveria acelerar muito mais, porque seu potencial é, agora, materialmente mais baixo. O potencial menor está ligado a fatores que Trump não pode controlar – como a população se tornando mais velha, pessoas tendo menos filhos, millenials [geração nascida entre os anos 80 e 90] gastando menos, companhias da velha economia investindo menos, etc.

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