Na direção do abismo: no ritmo em que está, Brasil caminha para o caos econômico

Confira o artigo de Paolo Di Sora, sócio e CIO da RPS Capital Investment Management, gestora que possui R$ 1,2 bilhão em ativos sob gestão

Equipe InfoMoney

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Autor: Paolo Di Sora, sócio e CIO da RPS Capital Investment Management, gestora que possui R$ 1,2 bilhão em ativos sob gestão

Infelizmente, o Brasil caminha para o abismo. Quem me conhece sabe que nunca fui pessimista com o Brasil. Em momentos difíceis, encarei choques de realidade sobre a imaturidade institucional de nosso país, bem como o desconhecimento, pela imensa maioria da população, dos fundamentos por trás de nosso fracasso. Apesar disso, sempre encarei tais fatos com um viés otimista. Imaginando que, aos trancos e barrancos, iríamos entrar no trilho, de modo que o sofrimento nos traria sabedoria para que fizéssemos as escolhas corretas.

Confesso que o meu otimismo esperançoso está se exaurindo.

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O cerne de nosso fracasso está no gigantismo do nosso estado, na constituição cidadã de 1988, a qual deu direitos (muitos deles justos) pelos quais, porém, uma nação pobre como a nossa simplesmente não pode pagar.

Eis alguns exemplos gritantes da doença terrível que corrói nossa nação:
– Nosso sistema judiciário, ineficiente para dizer o minimo, custa 17x mais que todo o sistema judiciário americano (o qual funciona), cuja economia é mais de 10x maior que a nossa;
– Gastamos com previdência e seguridade social, como proporção de nosso PIB, quase o mesmo que os países velhos europeus, sendo que, obviamente, somos um país ainda muito jovem;
– Investimos em educação mais que os EUA, sendo que temos um povo deseducado e improdutivo;
– Gastamos em saúde (SUS) cerca de R$450/mês por usuário efetivo, o que equivale a quase 3x mais do que um plano de saúde particular de baixa renda (e o serviço prestado pelo SUS é simplesmente terrível).

Resumindo, gastamos muito e gastamos mal. Isso porque queremos que o Estado preste todos esses serviços “de graça”.

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Este Estado corrupto, incompetente e ineficiente é um verdadeiro câncer nas nossas vidas. Simplesmente não existe nada de graça na economia, sempre alguém está pagando, direta ou indiretamente.

Mas, como tratar esse câncer?
Só vejo um jeito: uma imensa cirurgia.

Precisamos desesperadamente desaparelhar o estado brasileiro, privatizando tudo, reduzindo-o pela metade. Passar para a iniciativa privada todos os serviços que não cabem ao estado prover. Se diminuir a comida das células cancerígenas, elas morrem, é tão simples quanto isso.

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Infelizmente, não é isso que eu tenho visto o brasileiro reivindicar.

Querem que o Estado reduza o imposto sobre os combustíveis (justo), mas, ao mesmo tempo, não querem diminuir o tamanho do Estado. Na verdade, querem mais Estado, mais populismo, mais subsídio, como por exemplo estradas sem pedágios e tarifas de ônibus congeladas, agindo como se essa conta não fosse repassada para toda a sociedade de forma indireta.

Fazemos greves gerais pelas causas erradas. O estado brasileiro não cabe no nosso PIB, precisamos urgentemente fazer uma cirurgia que corte nosso corpo estatal pela metade, mas não é esse o discurso que vem das ruas e, consequentemente, isso não estará refletido nas urnas em outubro. Muito pelo contrário, caminhamos na direção da mudança para o pior. Ciro e Bolsonaro são uma catástrofe anunciada. São políticos com cabeça de mais estado, mais intervenção, mais empresas estatais, com subsídios cruzados e tabelamento de preços.

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Não temos mais gordura para queimar. Nossa dívida pública já representa mais de 70% do nosso PIB, quase o dobro de qualquer outro país emergente como nós. No ritmo em que estamos, caminhamos para a insolvência, hiperinflação e para o caos econômico.

Nosso abismo está logo ali, infelizmente.

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