Vale a pena comprar carro que passou por leilão? Entenda o que avaliar

Com preços bem abaixo do mercado, os consumidores ficam balançados na hora de fechar o negócio, mas é preciso prestar atenção 

Giovanna Sutto

SÃO PAULO – Comprar um carro que já teve passagem por leilão pode parecer uma opção atrativa. Com preços bem abaixo do mercado, os consumidores ficam balançados na hora de fechar o negócio, mas é preciso prestar muita atenção.

Na opinião da maioria dos especialistas ouvidos pelo InfoMoney, esse tipo de compra não vale a pena pelos riscos e pela possibilidade de problemas futuros que o comprador pode enfrentar, além da grande dificuldade de revenda no futuro.

“Não vale a pena fazer o negócio. Pela procedência desconhecida e por ser uma compra no escuro. Tem desconto, mas não tem como prever os gastos futuros, que geralmente são maiores”, crava Diego Fischer, CEO da Instacarro, empresa de compra e venda de carros usados.

A principal questão levantada por Lucas Siqueira, gerente comercial da Instacarro, é que ao comprar um carro que teve passagem por leilão você não sabe realmente quais as condições dele.

“O veículo pode ter ficado exposto ao sol ou chuva no pátio por muito tempo”, explica. O gerente comercial também frisa que é importante se atentar a documentação. “Alguns carros possuem no documento a informação que eles passaram pelo leilão, outros não”.

Os carros podem vir de diferentes tipos de leilões. Siqueira destacou três principais tipos, embora não indique nenhum:

• Leilão de montadora: segundo Siqueira, nesse tipo de leilão são ofertados carros da própria frota da montadora. “Essa opção é a menos pior, caso o cliente queira comprar um carro de leilão. Isso porque, em tese como é um carro da fabricante seu estado de conservação tende a ser melhor. Embora isso não impeça que o modelo tenha ficado exposto no pátio às condições do tempo”, explica.

• Leilão de recuperação de financeira: esse é o leilão de bancos, por exemplo. Nesse caso há todos os tipos de carros e são veículos recuperados pelo Detran, Polícia Federal e estatais.

• Leilão de seguradoras: já nesse caso são as seguradoras as responsáveis ofertando carros que já passaram por algum sinistro, ou foram recuperados de roubo e furto. “Nesse tipo de leilão, o cliente pode encontrar carros com alguns danos, que podem ser grandes ou pequenos”, diz Siqueira.

“A orientação é não comprar carros que tiveram passagem por leilão, inclusive porque na hora de revendê-los mais para frente, a dificuldade pode ser grande, já que profissionais que compram para revender, por exemplo,  conhecem o mercado e evitam esse negócio”, destaca Siqueira.

Além disso, outro ponto é em relação ao seguro. No geral, as seguradoras não fazem seguros de carros que tiveram passagem por leilão, ou se fazem, cobram valores mais altos, de acordo com o gerente comercial.

“Se a seguradora aceita fazer, pode fazer uma indenização de sinistro menor também, cerca de 70% da tabela Fipe”, diz.

O desconto do carro que passou por leilão pode chegar a 50%, dependendo do modelo, segundo Siqueira.

A tabela FIPE é uma referência de preços para cálculos de seguro, financiamentos e de tributos como o IPVA. Em relação o valor de mercado, preço do carro no momento da venda (que costuma ser um pouco menor do que a tabela FIPE), levando em consideração diversos itens como quilometragem, histórico do carro e avarias, pode chegar a cair entre 30% e 40%, segundo o especialista.

Se você realmente quiser comprar

Se você achar que o negócio é irrecusável e pretende fechar a compra de um carro que passou por leilão, é muito importante levar um mecânico de confiança e pedir uma avaliação completa do veículo antes de fechar negócio.

Além disso, Ana Matheus, gerente comercial da leiloeira Sold, sugere que o consumidor sempre olhe o edital do leilão que o carro passou para obter mais detalhes sobre a sua procedência. Nesse caso, é necessário pedir ao vendedor as informações do leilão para que você possa pesquisar seu edital.

Para a especialista, o comprador precisa de um desconto de no mínimo 30% em relação à tabela Fipe para que a compra para que a compra realmente comece a fazer algum sentido.

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Giovanna Sutto

Jornalista com mais de 6 anos de experiência na cobertura de finanças pessoais, meios de pagamentos, economia e carreira. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.