Sul-americanos se preparam para torcer na Copa, mas inflação é ‘balde de água fria’ nas comemorações

Preços estão subindo em todos os tipos de produtos, desde mercadorias e colecionáveis até alimentos e bebidas, que os torcedores vão comprar

Reuters

Figurinha do Neymar é colada no álbum da Copa do Mundo do Catar (Foto: ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO)

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Na América do Sul, casa de alguns dos jogadores de futebol mais famosos do mundo, do argentino Lionel Messi ao brasileiro Neymar, torcedores ávidos estão começando a ficar nervosos com as chances de seus países na Copa do Mundo — e o custo crescente de apoiá-los.

A região de cerca de 650 milhões de pessoas está lutando contra uma das piores inflações do mundo, inclusive na Argentina, onde os preços caminham para subir 100% neste ano. Isso está elevando os custos desde figurinhas e camisetas de futebol a lanches e cerveja na hora do jogo.

“Está bem inflacionado o negócio”, disse o brasileiro Breno Nery, de 20 anos, que estava comprando figurinhas de futebol colecionáveis em um shopping de São Paulo. O valor de um pacote com cinco figurinhas dobrou para 4 reais (0,79 dólar) desde a Copa do Mundo da Rússia de 2018.

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É ainda pior na Argentina, onde o preço sugerido de um pacote saltou 900%, para 150 pesos (0,95 dólar), após anos de inflação altíssima. Mas a escassez também tem feito os preços dobrarem ou triplicarem na internet ou em mercados alternativos.

Os preços estão subindo para todos os tipos de produtos, desde mercadorias e colecionáveis até alimentos e bebidas, que os torcedores provavelmente comprarão quando a competição começar neste mês no Catar. Brasil e Argentina estão entre os favoritos.

Em Buenos Aires, se os torcedores quiserem comprar uma camiseta de futebol, também terão que contar com preços ainda mais altos, graças a uma taxa de câmbio distorcida ligada a rígidos controles de capital e interrupções na cadeia de suprimentos.

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Na Argentina, a nova camisa da seleção da Adidas custará 28.999 pesos, um aumento colossal de 1.658% em relação à última Copa do Mundo, enquanto no Brasil, a Nike lançou a mais nova camisa “Seleção” por 349,99 reais, um salto de 40%.

“O torcedor brasileiro não vai sofrer só na hora de torcer pela Seleção nessa Copa do Mundo, mas também na hora de pagar a conta”, disse a corretora de investimentos XP em relatório recente.

Apesar dos aumentos de preços, as vendas do kit do Brasil aumentaram 40% com relação a 2018 em volume, disse o Grupo SBF, distribuidor da Nike. Nem todos estão convencidos, no entanto. “Pretendo só ficar com uma camisa escrito ‘Brasil’ mesmo, já está ótimo”, disse Daniel Santos, 20 anos, em entrevista realizada em um shopping da capital paulista.

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Preços nas alturas

A Copa do Mundo será disputada de 20 de novembro a 18 de dezembro — final da primavera no hemisfério sul, uma mudança em relação as datas regulares, que normalmente costumam cair durante o inverno na região.

O clima mais ameno tem feito com que empresas como o frigorífico BRF e a cervejaria Ambev projetem um aumento nas vendas, já que os sul-americanos se reúnem com familiares e amigos para assistir aos jogos com uma cerveja gelada e também com um churrasco.

Mas os fãs poderão sofrer algum susto. A carne agora está quase 80% mais cara no Brasil do que há quatro anos, segundo a XP, um aumento quase três vezes mais acentuado do que a inflação geral. Os preços de refrigerantes e cervejas subiram 20%.

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Os preços tradicionais da carne assada da Argentina subiram mais de 600% de junho de 2018 a agosto de 2022, mostraram dados do grupo industrial local IPCVA. Um litro de cerveja quase quintuplicou de custo.

A Copa do Mundo até levou a Argentina a lançar controles de capital de viagens ao exterior e gastos apelidados de taxa de câmbio “Catar”, tornando as viagens para o país do Oriente Médio ainda mais caras em moeda local.