Por que produzir dinheiro na Casa da Moeda é mais caro que importar da Suécia

Governo trouxe cem milhões de cédulas de R$ 2 importadas ao Brasil no ano passado  

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Circulam atualmente no país cem milhões de cédulas de R$ 2 produzidas na Suécia, de acordo com informações do Banco Central. Para importa-las, foi necessário que o órgão desembolsasse R$ 20 milhões como medida emergencial – valor mais baixo que o cobrado normalmente para as mesmas cédulas pela Casa da Moeda, fabricante oficial do dinheiro brasileiro.

Segundo o Banco Central, “o valor efetivamente pago foi de R$ 20.205.024, correspondendo ao custo por milheiro de R$ 202,05. Apenas para eventual comparação esse valor foi cerca de 20% inferior ao pago à Casa da Moeda do Brasil em 2016, de R$ 242,73”. 

Em contato com o InfoMoney, a Casa da Moeda explicou que seus custos para a produção são mais altos do que os encontrados na empresa sueca Crane por conta da legislação brasileira – e este é apenas um dos motivos para cobrar mais caro.

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“A Casa da Moeda, respeitando as leis nacionais, foi obrigada a adquirir as principais matérias primas com até 20% de majoração, para garantir a margem de preferência dos fornecedores nacionais”, disseram representantes.

Além disso, pesa para a empresa a custódia do dinheiro produzido e não retirado pelo Banco Central “utilizando um cofre de segurança máxima, serviço este não oferecido pela concorrente em questão”. 

Vale lembrar que, além da questão de preço, dinheiro produzido no país também significa empregos gerados localmente e, como lembra a própria CMB, “soberania nacional, na medida em que disponibiliza preferencialmente todo o seu parque do produtos gráficos de segurança para o Banco Central do Brasil”.

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No dia 13 de abril, o BC fechou os contratos referentes à produção de 2017 com a Casa da Moeda. Com valor de R$ 279,14 milhões, um deles prevê produção de 980 milhões de cédulas – de todos os valores. O segundo contrato, por sua vez, soma R$ 272,5 milhões para a fabricação de 660 milhões de moedas.

Emergência

De acordo com a Lei 13.416, de 23 de fevereiro de 2017, o Banco Central tem autorização para adquirir papel-moeda e moeda metálica fabricados fora do País por fornecedor estrangeiro sem licitação, desde que como medida emergencial.

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No caso das cédulas de R$ 2, houve insegurança a respeito da produção da Casa da Moeda para 2016: não se sabia se seria possível produzir toda a moeda necessária e, para evitar problemas, declarou-se o caráter emergencial dessas importações.

Sobre o caso, a Casa da Moeda afirmou que seu Plano Anual de Produção (PAP) de 2016 foi entregue em sua totalidade e que houve inclusive 11 milhões de notas excedentes, então não haveria real necessidade dessa importação. De acordo com porta-voz, a medida foi tomada “por via das dúvidas”. Nos seis anos anteriores a 2016, o PAP não fora cumprido.

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Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney