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SÃO PAULO – O Brasil tem oficialmente o iPhone X mais caro do mundo. Com preço no varejo de R$ 6.999, o aparelho está à venda desde a última sexta-feira (8) por aproximadamente US$ 2.133 na conversão direta, mais que o dobro do valor cobrado nos EUA, de US$ 999.
São cobrados ao menos cinco impostos sobre bens de consumo importados no Brasil: Imposto de Importação (II), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Programa de Integração Social/Importação (PIS/Importação) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS). Uma pesquisa deste ano do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) descobriu que, para smartphones, a soma dessas taxas é de 39,80% sobre o valor do produto.
Mas não são apenas os impostos e taxas de importação que justificam essa enorme diferença, de acordo com Walter Franco Lopes, professor de economia do Ibmec/SP. Existem fatores menos palpáveis que justificam a discrepância que torna mais barato viajar aos EUA e comprar um celular do que adquiri-lo por aqui.
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“Ainda que se cobre 50% do valor do produto em taxas e na logística da importação, é possível trazê-lo para o Brasil por um valor mais em conta”, comenta o especialista. “Nós temos que levar em conta a questão do desejo da mercadoria e de quem é o brasileiro que vai comprar esse telefone”.
Considerando o salário médio nacional de R$ 1.226 divulgado pelo IBGE em dezembro, um iPhone X custa quase 6 salários do brasileiro. Usando o Índice Big Mac mais recente, o aparelho no Brasil sai por 446 unidades do lanche. “A questão do preço não é o mais relevante na análise desse produto, mas sim a questão de quem irá comprá-lo, do que ele representa para a população”, reflete o professor.
Para ele, esse valor imensurável que é agregado ao produto puramente pelo desejo de compra seria menor se o Brasil tivesse produção própria de itens do nível tecnológico de um iPhone. “Há quantos anos luz a nossa tecnologia local está de produzir algo semelhante?”, questiona. “É isso que faz a diferença: até quando vamos exportar soja e café e importar produtos desse”. E conclui: “é por isso que o Brasil deveria se perguntar como pode começar a fazer parte desse processo produtivo”.