Pesquisa revela diminuição dos gastos com cigarros no Brasil nos últimos anos

Em 2020, os gastos com itens relacionados a fumo devem cair para o menor nível dos últimos sete anos, segundo o IPC Maps

Equipe InfoMoney

(Getty Images)

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SÃO PAULO – Neste sábado (29), é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Fumo. E mesmo diante de tantas notícias negativas para a saúde, uma pesquisa mostra que existe algo a comemorar: os gastos com cigarros vem caindo no país nos últimos anos e a expectativa é que 2020 confirme essa tendência de queda.

De acordo com o IPC Maps, estudo que estima o potencial de consumo de 22 categorias de produtos, os gastos com itens relacionados a fumo caíram de R$ 23,2 bilhões em 2018, para R$ 19,1 bilhões em 2019, um recuo de 17,67%. E neste ano a expectativa é que as despesas da categoria fiquem em R$ 18,1 bilhões, o que representaria uma queda de 5,4% sobre o ano passado.

Se essa previsão se confirmar, as despesas com produtos ligados a fumo cairão para o menor nível pelo menos desde 2014, quando foi iniciada a série histórica da pesquisa.

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Os resultados do IPC Maps são baseados nos dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) e do Censo Demográfico, ambos do IBGE.

Para estimar o potencial de gastos, o levantamento mede a participação do consumo de cada município no total do país, utilizando uma metodologia que analisa a expectativa do consumo das famílias, segundo a previsão do PIB (do relatório Focus, do Banco Central), e distribui esse valor para cada um dos 5.570 municípios do país, com base em dados de estrutura de domicílios e classe econômica.

Segundo a pesquisa, a queda neste ano deve ser puxada pela diminuição nos gastos desses itens nas classes sociais mais baixas (C, D e E). Em 2019, as despesas com cigarros e outros produtos da indústria do fumo das três faixas de renda somadas chegou a R$ 12,9 bilhões. Para 2020, a projeção é de que os gastos fiquem em torno de R$ 11,8 bilhões – queda de 8,4% na comparação anual.

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Para Marcos Pazzini, sócio da IPC Marketing Editora e responsável pela pesquisa, a redução ocorre porque em momentos de crise os consumidores de baixa renda priorizam despesas básicas em detrimento de gastos supérfluos, como é o caso do cigarro.

“As despesas com habitação e alimentação, por exemplo, estão tendo um peso maior na cesta de consumo dessa população devido ao achatamento de renda”, explica Pazzini.

Apesar da redução dos gastos, não é possível afirmar com toda a certeza que a população de menor renda está fumando menos. Segundo Pazzini, é comum que, em períodos de crise, consumidores das classes C, D e E substituam produtos vendidos no mercado legal por itens falsificados ou até contrabandeados – que são mais prejudiciais e não são contabilizados nos indicadores oficiais.

“A diminuição do valor gasto com fumo em todas as classes econômicas de 2019 para 2020, em geral, reflete uma mudança de hábitos de consumo nesse cenário de recessão pós-pandemia, em que a preocupação maior é com a perda de renda e a compra de itens essenciais. Porém, isso não significa que as pessoas estão comprando menos cigarro, de repente elas têm a alternativa de comprar produtos mais baratos, como os de contrabando”, afirma o sócio da IPC.

Crise 

O estudo também revela que o consumo das famílias brasileiras em 2020 terá a pior retração anual em 25 anos. A projeção indica uma movimentação de cerca de R$ 4,4 trilhões na economia, antes os R$ 4,7 trilhões registrados em 2019 – recuo de 5,39%.

Na comparação com as expectativas de consumo no início de março, antes da pandemia, quando a estimativa era de R$ 4,9 trilhões, a queda é ainda maior: 10,2%.

De acordo com Pazzini, esses resultados igualam o consumo dos brasileiros aos patamares vistos entre 2010 e 2012, mas sem considerar a inflação do período,.

Quase todas as classes sociais terão queda do potencial de consumo em 2020, na comparação com um ano antes. A exceção é a classe B2, com renda familiar mensal de R$ 5.641,64, que terá um aumento de 6,8% sobre os valores consumidos em 2019.

Segundo o estudo, a redução na quantidade de domicílios das classes A e B1 elevou o número de residências nos demais estratos sociais e essa migração das primeiras classes impactará positivamente o consumo da classe B2.

Assim como no ano passado, as despesas com habitação, incluindo aluguéis, impostos, luz, água e gás, devem representar o maior gasto dos brasileiros em 2020. A pesquisa aponta que cerca de 25,4% da renda das famílias no país serão destinados a esse tipo de despesa.

Os gastos com serviços de reforma, reparo ou seguros representam 18,1% das despesas; e a alimentação, dentro e fora do domicílio, representa 14,1% dos gastos totais.