‘País da felicidade’, Butão vai cobrar taxa de turismo mais cara do mundo: 200 dólares por pessoa

Imposto anterior era de 65 dólares; nova taxa passará a valer em 23 de setembro e será usada na construção de turismo mais sustentável

Equipe InfoMoney

(Getty Images)

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Como forma de regular e gerenciar a retomada do turismo, após dois anos de pandemia, o Butão, reino budista no leste do Himalaia, vai cobrar uma “taxa de desenvolvimento sustentável” de visitantes estrangeiros. E ela é bem salgada: US$ 200 por pessoa por dia. O tributo começará a valer em 23 de setembro, quando as fronteiras do país serão reabertas.

A notícia foi anunciada por Tandi Dorji, ministro e presidente do Conselho de Turismo do Butão. A taxa até então era de US$ 65. Segundo o Financial Times, a nova taxa será a mais cara do mundo.

A medida em si, de cobrar uma taxa de turismo, é imposta em outros locais ao redor do mundo como Veneza, que vai introduzir uma taxa entre 3 e 10 euros por dia por turista, a partir de janeiro; e em Fernando de Noronha, em Pernambuco, que cobra R$ 87,71 por dia ao turista.

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Segundo o anúncio do governo local, o setor do turismo passará por uma reformulação, que se concentrará em três áreas: infraestrutura e serviços, as experiências de viagem dos turistas e medidas de impacto ambiental. O país está relativamente isolado: os primeiro turistas foram autorizados a entrar em 1974, e o país não tinha televisão até 1999.

“A Covid-19 nos permitiu redefinir como o setor pode ser melhor estruturado e operado, de modo que não apenas beneficie o Butão economicamente, mas também socialmente, mantendo as pegadas de carbono baixas”, disse Dorji. “A longo prazo, nosso objetivo é criar experiências de alto valor para os visitantes e empregos bem remunerados e profissionais para nossos cidadãos.”

No comunicado oficial, o governo explica que a taxa de US$ 200 será utilizada na criação de atividades que promovam o turismo e para a construção de um setor mais sustentável, como  fazer a compensação de emissões de carbono, e qualificar os trabalhadores da área.

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“Entre as muitas mudanças estão as novas normas para provedores de serviços, incluindo hotéis, guias, operadores turísticos e motoristas que, em breve, serão submetidos a um processo de certificação antes que eles possam trabalhar com turismo. Os funcionários serão obrigados a participar em programas de qualificação e requalificação, quando necessário, para aumentar o nível do serviço”, diz o comunicado.

País da felicidade

O Butão é conhecido como “país da felicidade” porque implementou um índice chamado “FIB” (Felicidade Interna Bruta) ou “GNH” (Gross National Happiness). O governo mede a felicidade dos cidadãos por meio de um questionário feito com o Censo local que leva em consideração aspectos do cotidiano da população.

Neste documento, o governo avalia quatro pilares principais e nove domínios, que incluem saúde, educação, governança, mas também bem-estar psicológico, uso do tempo, diversidade ecológica, padrão de vida, entre outros.

Em termos de turismo, a região é conhecida pela beleza natural, e também pelos festivais culturais com músicas, danças e apreço à cultura local. Um dos mais conhecidos é o festival de Thimphu, que acontece em outubro e atrai turistas de todas as partes do mundo.

(Getty Images)

Taxa alta pode afetar recuperação?

Apesar do plano do governo, alguns operadores turísticos criticaram a medida por acharem que há o risco do alto custo da taxa frear a recuperação do setor.

Ao Financial Times, a empresa de viagens World Expeditions afirmou que a mudança aumentará o preço de uma de suas viagens mais populares: a caminhada de 27 dias do boneco de neve (“Snowman Trek”) , de 5.890 euros para quase 9 mil euros.

“Aumentar o preço dessa caminhada em 50% terá um enorme impacto no futuro da indústria de turismo do Butão. E, após dois anos de Covid, a medida nos deixa muito preocupados com o impacto nos meios de subsistência de nossos colegas no Butão”, disse Gordon Steer, gerente da empresa no Reino Unido ao jornal.

Importante mencionar que o turismo no país já era muito controlado. Antes do aumento da taxa, viajantes de outros países (com exceção de Índia, Bangladesh e Maldivas) tinham que reservar pacotes turísticos fechados e guiados em vez de viajar de forma independente.

O preço mínimo diário do pacote ficava entre US$ 200 e US$ 290 por noite. Desse montante, US$ 65 era a taxa de turismo para o governo.

Com o anúncio, os turistas passam a ter mais flexibilidade, com a opção de reservar hotéis e guias fora de um pacote turístico fechado.

O governo ressaltou que, com a mudança, turistas indianos passarão a pagar a nova taxa de desenvolvimento sustentável, mas a um patamar reduzido: apenas US$ 15.