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SÃO PAULO – O Ipea (Instituto de pesquisa econômica aplicada) publicou nesta terça-feira (5) o Atlas da Violência na edição 2018. A publicação compara dados coletados entre 2006 e 2016.
O estudo mostra mostra que o país alcançou pela primeira vez a marca de 30,3 homicídios a cada 100 mil habitantes. Este número corresponde a um total de 62.517 homicídios naquele ano, 30 vezes o observado na Europa nos mesmos 12 meses.
Apenas entre 2006 e 2016, 553 mil pessoas perderam suas vidas devido à violência intencional no Brasil, relata o Ipea. Entre 1980 e 2016, cerca de 910 mil pessoas foram mortas pelo uso de armas de fogo no país. “Uma verdadeira corrida armamentista que vinha acontecendo desde meados dos anos 1980 só foi interrompida em 2003, com a sanção do Estatuto do Desarmamento. Em 2003, o índice de mortes por armas de fogo era de 71,1%, o mesmo registrado em 2016”, escreve o Instituto.
Por unidade federativa, o Ipea descobriu que sete UFs do Norte e Nordeste têm as maiores taxas de homicídios por 100 mil habitantes: Sergipe (64,7), Alagoas (54,2), Rio Grande do Norte (53,4), Pará (50,8), Amapá (48,7), Pernambuco (47,3) e Bahia (46,9). Entre os 10 estados onde a violência letal cresceu no período analisado, estão o Rio Grande do Sul e nove pertencentes às regiões Norte e Nordeste.
Os dez estados mais violentos foram os seguintes:
UF | Homicídios/ 1000 habitantes em 2016 |
Sergipe | 64,7 |
Alagoas | 54,2 |
Rio Grande do Norte | 53,4 |
Pará | 50,8 |
Amapá | 48,7 |
Pernambuco | 47,3 |
Bahia | 46,9 |
Acre | 44,4 |
Roraima | 39,7 |
Rondônia | 39,3 |
Tocantins | 37,6 |
Perfil
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No geral, os homicídios respondem por 56,5% dos óbitos de homens entre 15 a 19 anos no Brasil. Em 2016, 33.590 jovens foram assassinados – aumento de 7,4% em relação a 2015 –, sendo 94,6% do sexo masculino. Ao mesmo tempo, a pesquisa observa um aumento de 6,4% nos assassinatos de mulheres no Brasil nestes 10 anos. A situação é mais grave em Roraima, que apresentou uma taxa de 10 homicídios por 100 mil mulheres.
A desigualdade de raça se acentuou durante o período pesquisado. De todas as pessoas assassinadas no Brasil em 2016, 71,5% eram pretas ou pardas. Naquele mesmo ano, a taxa de homicídios de negros foi duas vezes e meia superior à de não negros (40,2 contra 16,0). Contudo, em nove estados as taxas de homicídio de negros decresceram na década de 2006 a 2016, entre eles São Paulo (-47,7%), Rio de Janeiro (-27,7%) e Espírito Santo (-23,8%).