Manifestações de caminhoneiros travam produção de veículos de norte a sul do país

Falta de componentes e de pessoal impactam o funcionamento das montadoras

Reuters

Linha de produção de veículos

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Os protestos nas estradas de manifestantes insatisfeitos com o resultado da eleição presidencial de domingo (30), que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva como presidente do país a partir de 2023, causavam problemas para fabricantes de veículos, afirmaram montadoras e a associação que representa o setor.

Inconformados com a derrota eleitoral, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) interditavam ao menos 230 pontos de estradas em 21 Estados e no Distrito Federal até o fim da manhã desta terça-feira (1º), apesar de decisão do Supremo Tribunal Federal determinando o desbloqueio imediato das vias tanto pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) como pelas polícias militares estaduais.

“Estamos recebendo vários reportes de montadoras ou reduzindo ritmo (de produção) ou fazendo algumas paralisações pontuais por falta de componentes ou recursos humanos”, informou a Anfavea, associação que reúne montadoras de veículos no Brasil.

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“Há problemas de componentes que não estão chegando nas fábricas, problema de pessoal também porque os ônibus intermunicipais não conseguem chegar”, acrescentou a entidade. Segundo a Anfavea, o problema era sentido por montadoras de veículos, caminhões e máquinas agrícolas.

A fábrica do grupo Stellantis em Porto Real (RJ), por exemplo, está sem operar desde segunda-feira (31) por causa do bloqueio da rodovia Presidente Dutra, informou a companhia. Além de motores, a fábrica produz os automóveis das marcas Peugeot e Citroën. “Nem trabalhadores, nem suprimentos chegaram. Parou tudo. Está parada hoje pelo segundo dia”, afirmou um representante da companhia.

Em Resende (RJ), a fábrica da Volkswagen Caminhões e Ônibus também sentia problemas pelo segundo dia desde o início das manifestações bolsonaristas. Nesta terça, a unidade trabalhava em ritmo de “retrabalho e recuperação” por causa do bloqueio na Dutra que ainda impede a chegada de parte dos funcionários, afirmou a assessoria de imprensa da montadora.

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Na segunda, a fábrica em Resende teve a produção do primeiro turno “parcialmente afetada” também em razão da dificuldade de parte dos trabalhadores com transporte. No Paraná, o complexo fabril da Renault em São José dos Pinhais foi paralisado nesta terça. “Esperamos que se resolva tudo entre hoje e amanhã (feriado) para voltarmos na quinta-feira”, disse uma representante da montadora.

O complexo da Renault tem duas fábricas de veículos, uma de motores e uma de injeção de alumínio e operou normalmente na segunda-feira, mas diante dos bloqueios nas rodovias do Estado, a montadora optou pela paralisação nesta terça. “É um duplo fator. As pessoas não chegam e não conseguimos trazer as peças”, afirmou a montadora, acrescentando que a parada nesta terça atinge a produção de 1.020 veículos.

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