Má condição das rodovias do país consumirá 1,1 bi de litros de diesel em 2023, aponta CNT

Cálculo observa qualidade do pavimento, que neste ano ficou com 56,8% de regular, ruim e péssimo; e 43,2% de ótimo ou bom

Estadão Conteúdo

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A Confederação Nacional do Transporte (CNT) calcula que a má condição da malha rodoviária brasileira resultará no consumo desnecessário de 1,139 bilhão de litros de diesel apenas neste ano. O apontamento faz parte da Pesquisa CNT de Rodovias, divulgada nesta quarta-feira (29) pela entidade.

O cálculo é feito observando a qualidade do pavimento, que neste ano ficou com 56,8% de regular, ruim e péssimo; e 43,2% de ótimo ou bom.

Na avaliação dos técnicos da CNT, a deterioração impacta — além do preço do frete e, consequentemente, dos produtos para o consumidor final — no meio ambiente.

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Com 1,139 bilhão de litros de diesel consumidos, há a emissão de 3,01 milhões de toneladas de gases poluentes na atmosfera (MtCO2e).

Situação das estradas

A 26ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias avaliou 111.502 quilômetros de rodovias pavimentadas, o que corresponde a 67.659 quilômetros da malha federal (BRs) e a 43.843 quilômetros dos principais trechos estaduais.

A classificação do estado geral compreende três principais características da malha rodoviária: o pavimento, a sinalização e a geometria da via. Levam-se em conta variáveis como condições do pavimento, das placas, do acostamento, de curvas e de pontes.

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No detalhamento, o pavimento aparece com 30,5% de ótimo, 12,7% de bom, 34,2% de regular, 16,8% de ruim e 5,8% de péssimo. A avaliação da sinalização das vias segue a mesma tendência de distribuição, porém com porcentual maior para péssimo: 11,9% de ótimo, 24,7% de bom, 41,2% de regular, 11,9% de ruim e 10,4% de péssimo.

O critério de geometria das vias concentra os piores resultados. Esse é o quesito em que é avaliado o perfil da rodovia, incluindo itens como tipo de pista, a existência de curvas perigosas e a presença de acostamento. Nesse ponto, 14,8% foram classificadas como ótimo, 19,2% bom, 23,5% regular, 23,3% ruim e 17,2% péssimo.

Atenção

Para a CNT, a realidade que o estudo reforça a necessidade de manter investimentos perenes que viabilizem a reconstrução, a restauração e a manutenção das rodovias.

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Como desafio complementar, aponta que a previsão de investimentos em infraestrutura sofreu redução de 4,5% no volume de recursos para o setor em relação ao autorizado no Orçamento para infraestrutura de transporte em 2023, conforme prevê o Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2024 (PLOA 2024).

“Diante desse cenário, a CNT trabalha para viabilizar um aumento na dotação, por meio de emendas para intervenções prioritárias em 2024, em consonância com as prioridades do transporte e da logística do País”, afirma a confederação.

Segundo a CNT, o esforço no sentido de conseguir uma maior atenção com relação à infraestrutura rodoviária surtiu efeito neste ano. Isso porque a pesquisa estimou que o aumento do custo operacional do transporte rodoviário de cargas, em decorrência da má conservação do pavimento das rodovias no Brasil, foi de 32,7%. O porcentual ficou levemente abaixo do registrado no ano passado: 33,1%.

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Pontos críticos

Uma das apurações do levantamento é a dos principais pontos críticos registrados nas rodovias do País: quedas de barreiras, erosões nas pistas, buracos grandes, pontes caídas e pontes estreitas.

“Trata-se de problemas na infraestrutura que interferem na fluidez dos veículos, oferecendo riscos à segurança dos usuários, aumentando significativamente a possibilidade de acidentes e gerando custos adicionais ao transporte”, explica a CNT.

Dentre os apontamentos, está a necessidade de eliminação de 2.684 pontos críticos, sendo 207 quedas de barreiras; cinco pontes caídas; 504 erosões nas pistas; 1.803 unidades de coleta com buracos grandes; 67 pontes estreitas e 62 outros tipos de pontos críticos que possam atrapalhar a fluidez da via.