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SÃO PAULO – Com apenas um ano e 10 meses no varejo digital, o Banco Intermedium já conta com 130 mil clientes e a expectativa é que no final do ano este número esteja em 350 mil. Para 2018, o banco quer atingir a marca de 1 milhão de correntistas. A aposta se baseia em um modelo de negócios que tem tudo para conquistar cada vez mais público: o banco não cobra tarifas. Desde a manutenção de conta, passando pela TED, DOC ou extrato, é tudo 100% gratuito. Quando precisa sacar, o correntista digital pode usar a Rede 24 horas, também sem custo algum.
“Nós achamos que com a tecnologia disponível atualmente, cobrar R$ 50 de manutenção de conta e R$ 9 por uma TED de uma pessoa que ganha dois salários mínimos, por exemplo, não é sustentável. Se o mercado não caminhar nessa linha [de contas digitais gratuitas], não temos como bancarizar e educar financeiramente as pessoas. É preciso ter eficiência e tecnologia para poder promover um serviço bom a custo baixo. Esse é o nosso raciocínio”, disse João Vítor Menin, presidente do Intermedium, em entrevista ao InfoMoney.
Além da conta corrente gratuita, o banco também oferece o cartão Mastercard Black sem cobrança de taxa de anuidade. Neste caso, porém, o cliente tem uma contrapartida importante: não há acúmulo de milhas nas compras feitas com o cartão. “A nossa filosofia é a eficiência. Se oferecêssemos milhagem, cobraríamos anuidade, não tem mágica. Então optamos por fazer algo simples e transparente”, diz Menin.
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O executivo destaca que mais de 20% da receita das empresas de milhagem vem dos pontos que expiram e não são utilizados. Outra parte vem do prazo entre a compra no cartão de crédito e a utilização das milhas, que costuma acontecer apenas depois de um ano. “Não achamos isso legal, então preferimos não oferecer programa de milhagem”, justifica. Na maioria dos bancos, os cartões Black custam entre R$ 800 e R$ 1 mil por ano. Apesar do preço alto, a conversão de milhas também é generosa e a cada dólar gasto o cliente ganha 2 pontos.
Atualmente, o Intermedium oferece apenas o cartão da bandeira Mastercard, mas já mantém conversas com a Visa. Para obter um cartão Black o cliente precisa ter pelo menos R$ 250 mil em aplicações na instituição. Para quem não tem tanto dinheiro aplicado é possível solicitar o cartão Platinum, que exige R$ 50 mil em investimentos no banco. Já quem solicita o cartão Standard não precisa ter investimentos na instituição.
A pergunta natural para um banco que não cobra tarifas é de onde vêm as receitas. No Intermedium, uma parte do dinheiro que entra no caixa vem do float – dinheiro que o cliente deixa parado na conta corrente e que o banco pode aplicar, ganhando juros com a operação. Uma outra fonte importante de receitas é obtida no pagamento de contas de concessionárias de energia elétrica, telefone, água, etc, feitas pelos clientes. “Cada vez que uma conta de consumo é paga nós ganhamos uma taxa, paga pela própria concessionária”, diz Menin. Segundo ele, estas receitas são suficientes para cobrir quase a totalidade dos custos do banco com a conta corrente. “Nossa DRE (Demonstração de Resultado de Exercício) da conta corrente fica perto do zero a zero”, diz.
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O lucro vem principalmente de produtos como crédito – consignado e imobiliário – e seguros. Em 2016, o banco registrou um lucro líquido de R$ 25,5 milhões, com expansão de 10,3% da carteira de crédito para R$ 2,3 bilhões. Deste total, R$ 1,2 bilhão (52,5%) correspondem ao crédito imobiliário. Apesar das operações de varejo digital terem menos de dois anos, o Intermedium já existe há quase 24 anos como um banco de negócios.
As taxas oferecidas para o empréstimo imobiliário são mais altas do que o cliente encontra normalmente no mercado. O cliente que quiser financiar um imóvel paga 1% ao mês mais o IPCA (índice que mede a inflação oficial do País). No caso da inflação de 4% ao ano, como o mercado espera para 2017, a taxa de juro do empréstimo ficaria em mais de 16% em 12 meses – bem acima da taxa cobrada no empréstimo imobiliário da Caixa, por exemplo.
O Intermedium também disponibiliza uma plataforma de investimentos, com fundos e produtos de renda fixa, como Tesouro Direto, LCI (Letras de Crédito Imobiliário) e CDB (Certificado de Depósito Bancário). O retorno das aplicações é muito melhor do que o obtido nos grandes bancos de varejo, mas inferior ao que o cliente pode encontrar em uma corretora. Para uma aplicação de R$ 100 mil em um CDB com prazo de 3 anos, por exemplo, o Intermedium paga 104% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário). Nas corretoras é possível encontrar CDB com esse prazo pagando uma taxa de até 118% do CDI.
Para o cliente que paga tarifas exorbitantes nas contas correntes convencionais, abrir uma conta totalmente gratuita faz muito sentido. Apesar de pouco divulgarem, instituições como Bradesco e BB oferecem contas digitais gratuitas – o Itaú deixará de oferecer sua conta digital, a iConta, final de abril.
Conta pessoa jurídica
O Intermedium vai lançar ainda no primeiro semestre a conta gratuita para pessoas jurídicas. O lançamento será feito em etapas, para que o banco consiga atender toda a demanda pelo produto, que promete ser alta. “No início vamos priorizar quem já tem conta pessoa física conosco”, diz Menin.
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Mesmo disponibilizando mais serviços e sendo mais complexa do que a conta pessoa física, a gratuidade da conta PJ é sustentável, de acordo com o executivo. “O cliente pessoa jurídica deixa muito dinheiro na conta (float) e também consome mais serviços, pagam mais contas. Muitas empresas importam e exportam então precisam fazer câmbio”, justifica. E o banco ganha com todas essas operações.
O processo para abrir a conta pessoa jurídica será um pouco mais trabalhoso do que a física, mas ainda totalmente digital. “É possível abrir a conta PF em até 10 minutos. A abertura da conta PJ vai ter etapas diferentes, com uma parte documental mais exigente. É um tipo de conta mais complexo”, diz o presidente do Intermedium.