Índice Big Mac sugere que Real está excessivamente desvalorizado

Brasil é um dos países mais baratos do mundo, somente na Argetina e aqui se paga menos de US$1 pelo BigMac

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SÃO PAULO – Apesar do dólar comercial ter fechado as negociações desta segunda-feira em queda de 0,56%, cotado em R$ 3,54, a alta acumulada no ano é de cerca 53%. A valorização da moeda norte-americana teve um impacto significativo no custo de vida do brasileiro, que sofre com o forte aumento dos preços nos últimos meses, o que deve levar a inflação, medida pelo IGP-M, a fechar o ano acima dos 20%.

Se depender do índice de preços elaborado pela revista britânica The Economist utilizando-se dos preços cobrados pela rede de fast food norte-americana McDonalds, porém, esta valorização pode ter sido exagerada, sugerindo que a cotação do dólar pode cair nos próximos meses.

Mais barato somente na Argentina

Através da análise do custo de um sanduíche Big Mac em todos os países nos quais a rede tem presença, o índice calculado pela The Economist estima se uma moeda está ou não sobre-valorizada em relação ao dólar.

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No caso do Brasil, um Big Mac custa R$ 3,60, o que em dólar seria equivalente a US$ 0,9931. Em dólar, você só conseguiria pagar mais barato pelo Big Mac na Argentina, onde ele custa P$ 2,50, ou US$ 0,7143. Aliás, somente nestes dois países o BigMac custa menos de US$ 1, já que o preço médio nos 25 países pesquisados é de US$ 2,08.

Em comparação, quem quiser comprar o mesmo sanduíche na Suíça terá que pagar o equivalente a US$ 4,2625. Pelo que gastaria com um Big Mac na Suíça você poderia comprar o equivalente a cerca de 4,3 sanduíches no Brasil, ou cerca de 1,67 sanduíche nos EUA, onde o mesmo Big Mac custa US$ 2,54.

Desvalorização foi excessiva

Ainda mais interessante do que o custo médio em dólar do famoso sanduíche é a análise de como esta diferença em custos, na verdade, embute uma desvalorização excessiva ou não da moeda de cada um destes países frente ao dólar norte-americano.

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No caso de países como Argentina e Brasil, a diferença nos preços é tão grande que fica fácil verificar que a moeda está excessivamente desvalorizada em relação ao dólar.
Se adotarmos o conceito de paridade de poder de compra, o estudo do The Economist estima que o real estaria 58% abaixo do seu patamar justo, que seria de R$ 1,52. Da mesma forma, o peso argentino estaria 72% abaixo da sua cotação pela paridade, que deveria ser de P$ 0,98 por dólar.

Em contrapartida, no caso da Suíça, o franco suíço estaria excessivamente valorizado, cerca de 68% acima da sua cotação definida pela paridade, que seria de Srf$ 2,48 por dólar e não de SFR$ 1,478.

Segundo o estudo, além do franco suíço, apenas outras quatro moedas estariam sobrevalorizadas frente ao dólar: a coroa dinamarquesa (30,7%), a libra esterlina (23,2%), o shekel israelense (16,7%) e a coroa sueca (4,75%). Nestes países comer um Big Mac custa, respectivamente, US$ 3,32, US$ 3,14, US$ 2,96 e US$ 2,66.

Análise é simplista

Embora possa dar uma boa indicação, já que o estudo utiliza um produto que é totalmente homogêneo nos vários países onde é vendido, esta análise é simplista, dando somente uma indicação interessante de em que locais a moeda local estaria desvalorizada ou não em relação ao dólar.

Assim, é difícil acreditar que o dólar caia aos patamares calculados pelo índice, sendo muito mais fácil que o preço do Big Mac se ajuste para cima no Brasil, de forma que a distorção de preços seja reduzida.