Incêndio paralisa Heathrow e afeta voos do Brasil; prejuízo pode passar de R$ 370 mi

Fechamento do maior aeroporto da Europa impacta voos globais e expõe falhas em infraestrutura crítica do Reino Unido

Paulo Barros

Carol Ye, do Canadá, verifica seu telefone enquanto espera para voar para Toronto via Aeroporto Internacional de Heathrow, depois que um incêndio em uma subestação elétrica cortou a energia do Aeroporto Internacional de Heathrow, no Aeroporto de Fiumicino, perto de Roma, Itália, em 21 de março de 2025. REUTERS/Guglielmo Mangiapane
Carol Ye, do Canadá, verifica seu telefone enquanto espera para voar para Toronto via Aeroporto Internacional de Heathrow, depois que um incêndio em uma subestação elétrica cortou a energia do Aeroporto Internacional de Heathrow, no Aeroporto de Fiumicino, perto de Roma, Itália, em 21 de março de 2025. REUTERS/Guglielmo Mangiapane

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O fechamento completo do Aeroporto de Heathrow, em Londres, nesta sexta-feira (21), após um incêndio em uma subestação elétrica, provocou um efeito cascata sem precedentes na aviação global e afetou diretamente passageiros brasileiros. Três voos com origem no Brasil – dois da British Airways, partindo de São Paulo (BA246) e do Rio de Janeiro (BA248), e um da Latam, partindo de Guarulhos (LA8084) – foram desviados para Madri. Outro voo, o BA240, sequer decolou de São Paulo.

O voo BA246, da British Airways, havia decolado do Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos durante a noite de quinta-feira e seguia em direção a Londres quando a interrupção das operações em Heathrow foi anunciada. A aeronave foi redirecionada para o Aeroporto de Barajas, em Madri, onde desembarcou os passageiros. O mesmo ocorreu com o BA248, vindo do Rio de Janeiro, e com o LA8084, da Latam, que também aterrissaram na capital espanhola.

A situação complicou-se ainda mais para quem embarcaria no voo BA240, o segundo do dia da British Airways entre São Paulo e Londres. Passageiros chegaram a entrar na aeronave, mas o voo foi cancelado ainda em solo, diante da incapacidade de garantir pouso em Heathrow ou em outro aeroporto alternativo naquele momento. Muitos passageiros relataram frustração e preocupação com a remarcação de voos e conexões em outros países europeus.

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Pessoas esperam na estação ferroviária de Paddington, depois que um incêndio em uma subestação elétrica próxima acabou com a energia no Aeroporto Internacional de Heathrow, em Londres, Grã-Bretanha, em 21 de março de 2025. REUTERS/Isabel Infantes

Com Heathrow fechado até pelo menos às 23h59 do horário local (20h59 de Brasília) desta sexta-feira, os voos de retorno ao Brasil também foram comprometidos. Voos originalmente programados para sair de Londres com destino a São Paulo e Rio de Janeiro foram cancelados ou estão sendo reprogramados pelas companhias aéreas.

A British Airways, responsável por dois dos voos afetados, declarou que está em contato com os passageiros e busca oferecer reacomodação ou reembolso. Já a Latam informou que presta assistência aos clientes impactados pelo desvio do LA8084 e aguarda a normalização das operações no Reino Unido para retomar sua programação habitual.

Impacto global

Segundo o Flightradar24, ao menos 1.351 voos foram cancelados ou reprogramados, afetando cerca de 145 mil passageiros apenas nesta sexta. A interrupção representa uma quebra crítica na malha aérea global, já que Heathrow é o aeroporto mais movimentado da Europa e o segundo do mundo, com mais de 220 mil passageiros diários e conexão com 180 destinos.

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O impacto econômico também é severo. Especialistas estimam que os prejuízos para o aeroporto e as companhias aéreas podem ultrapassar 50 milhões de libras (cerca de R$ 368 milhões), considerando os custos de cancelamentos, redirecionamentos, reacomodação de passageiros e danos à imagem das empresas envolvidas.

Fogo e fumaça sobem da área de uma subestação elétrica em Hayes, em Londres, Grã-Bretanha, 20 de março de 2025 nesta captura de tela obtida de um vídeo de mídia social. Jaffer Mirza/via REUTERS

A pane foi causada por um incêndio em um transformador com 25 mil litros de óleo na subestação elétrica de Hayes, a oeste de Londres, que deixou até 100 mil residências sem energia. O episódio gerou críticas à infraestrutura do aeroporto. “É inadmissível que uma estrutura com essa relevância dependa de uma única fonte de energia”, disparou Willie Walsh, diretor-geral da Iata.

A polícia antiterrorismo lidera a investigação por se tratar de uma infraestrutura nacional crítica, mas até o momento não há indícios de crime ou sabotagem.

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A British Airways reconheceu que o fechamento de seu principal hub afetará significativamente suas operações. Já o governo britânico prometeu uma investigação completa. “Há perguntas a serem respondidas, mas nossa prioridade agora é mitigar os efeitos do incidente”, disse um porta-voz do primeiro-ministro.

Com os terminais 2 e 4 ainda sem energia e passageiros orientados a evitar o aeroporto, os reflexos da crise devem se estender pelos próximos dias, com potencial para afetar ainda mais voos e economias interconectadas ao hub britânico.

(com informações de AFP e Reuters)

Paulo Barros

Jornalista, editor de Hard News no InfoMoney. Escreve principalmente sobre economia e investimentos, além de internacional (correspondente baseado em Lisboa)