Hyundai, Toyota, Chevrolet e outras 9 fabricantes estão fora do Salão do Automóvel de SP: o que aconteceu?

Momento exige mais experiência e outro formato; fabricantes saem para oferecer eventos mais assertivos ao longo do ano

Giovanna Sutto

Publicidade

SÃO PAULO – A Hyundai anunciou nesta terça-feira (4) que não vai participar do Salão Internacional do Automóvel de São Paulo. O evento será realizado entre os dias 12 e 22 de novembro de 2020.

“A estratégia global da Hyundai vem valorizando, desde o ano passado, eventos com formatos diferenciados e foco maior no ser humano, proporcionando um engajamento mais exclusivo com seus clientes e públicos interessados. Avaliamos bastante a situação aqui no Brasil e decidimos substituir a participação no Salão do Automóvel por outras atividades mais exclusivas ao longo do ano”, afirma Angel Martinez, vice-presidente comercial da Hyundai Motor Brasil.

Mas o anúncio não é um caso isolado. Além da marca coreana, outras dez montadoras já confirmaram que não vão participar do evento, incluindo Toyota, Chevrolet, BMW, Mini, Jac Motors, Lexus, Volvo, Jaguar, Land Rover, Peugeot e Citroën.

Masterclass Gratuita

Rota Liberdade Financeira

Aprenda a investir e construa um patrimônio do zero com o treinamento exclusivo do InfoMoney

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Segundo informações do Autoesporte, Suzuki e Mitsubishi também estariam fora – o que totalizaria 14 fabricantes fora do evento.

Por outro lado, algumas fabricantes já confirmaram participação, são elas: Volkswagen, Fiat, Ford, Renault, Nissan, Jeep, Ram, Dodge e Troller.

Marcas como Honda, Kia, Ferrari, Caoa-Cherry, entre outras, ainda não divulgaram uma decisão oficial.

Continua depois da publicidade

Ficando para trás

Segundo Raphael Galante, economista que trabalha no setor automotivo há 15 anos e é consultor na Oikonomia Consultoria Automotiva, ainda é cedo para afirmar que o evento está de fato ameaçado, mas a debandada de montadoras é um sinal de que o formato não mais é adequado.

“O mundo mudou, as montadoras mudaram, mas a organização de eventos como esse não. A debandada é geral em todos ‘salões de automóveis’ ao redor do mundo. Companhia grandes como BMW, Chevrolet e Toyota confirmaram que estão fora, mas todas estiveram presentes na Consumer Eletronics Show (CES) 2020, a maior feira de tecnologia do mundo. O foco mudou”, afirma.

Ele explica que esse esvaziamento do evento se dá basicamente pelo custo benefício – mais especificamente a falta dele.

“No caso do Agrishow [feira internacional de tecnologia agrícola], você faz negócios lá dentro. O mesmo caso da Fenatran [feira focada no setor de transporte rodoviário de cargae]. No caso do salão, se trata de exposição de produtos – e apenas isso”, diz Galante. Com muitas fabricantes, fica difícil chamar atenção.

Ele complementa: “Imagine, por exemplo, a BMW gastar cerca R$ 20 milhões para expor seu produto para consumidores que vão até seu estande mais por curiosidade, para conhecer o carro, não vão até lá com a intenção de comprá-lo – além de não ser possível fazer a venda no evento. Nesse contexto, o cliente da fabricante espera atendimento diferenciado e talvez não tenha com a quantidade de pessoas que estarão neste evento. Com esse dinheiro é possível fazer eventos mais direcionados e assertivos”, diz. Exatamente o tom adotado pela Hyundai.

Além disso, os consumidores valorizam cada vez mais a experiência, principalmente considerando um evento desse porte com uma variedade gigante de veículos novos e diferentes. Mas ações interativas com o público não vêm acontecendo.

“A cada ano, mais montadoras vão para a CES e menos fabricantes vão aos salões”, diz Galante.

Segundo o economista, as fabricantes que contaram com o evento no planejamento financeiro para 2020, feito no ano passado, devem participar. “Mas se não entrou no orçamento, dificilmente irão arrumar verba para isso. A vantagem é que com essa saída generalizada ficou interessante negociar melhores espaço e valores”, diz. De qualquer maneira, será preciso esperar para ver quais outras fabricantes vão confirmar ou não a participação neste ano.

O especialista, que tem relação próxima com executivos do setor, acredita que neste ano o evento deve acontecer mesmo com a grande defasagem – mas o salão de 2022 estaria ameaçado no Brasil e no mundo.

O InfoMoney entrou em contato com a Reed Exhibitions, empresa organizadora do evento, mas até a publicação desta matéria não obteve retorno.

Invista seu dinheiro para comprar o carro dos seus sonhos. Abra uma conta na XP – é de graça

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.