Gás de cozinha pode subir mais 23% em 2002

Estimativa é do Sindigás que se baseia na alta do dólar e da cotação internacional do gás GLP devido ao inverno no Hemisfério Norte

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SÃO PAULO – Desde o início do ano o preço do botijão de gás já acumula alta de 62%, com quatro reajustes consecutivos, sendo o último deles no início de julho. Apesar da alta do dólar no ano já estar em cerca de 40%, na época em que foi concedido o último reajuste a alta da moeda era de cerca de 15%!

Diante da diferença entre o aumento repassado ao consumidor e a alta da moeda norte-americana frente ao real, até mesmo o ministro das Minas e Energia, Francisco Gomide, levantou a possibilidade de se regular o preço do gás de cozinha, acreditando que houvesse prática abusiva por parte dos distribuidores. Convencido de que o problema não estava junto às distribuidoras, o ministro se comprometeu a criar um grupo de estudo para identificar as razões para o forte aumento do gás.

Sindigás espera aumento adicional de 23%

Menos de uma semana depois do anúncio do ministro, o Sindigás (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo) anunciou que o botijão ainda pode subir outros 23% até o final deste ano.
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Na visão do diretor da entidade, Lauro Cotta, como o preço no mercado brasileiro também oscila em função do preço no mercado internacional, que por sua vez é determinado em dólar, é possível que devido ao inverno no Hemisfério Norte a cotação internacional aumente. Além disto, se a política da Petrobras se mantiver, como o dólar está cotado em R$ 3,22, cerca de 13% mais alto do que estava na época do último aumento, as pressões são grandes para novos reajustes.

O Sindigás acredita que a Petrobras deva promover um novo reajuste em agosto de cerca 7%, entretanto deve esperar a próxima reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), no dia 6 de agosto, para se posicionar sobre o assunto.

Sindigás propõe medidas para reduzir preço do gás

Diante do forte impacto destes reajustes no orçamento do consumidor, o próprio Sindigás já levanta algumas alternativas que permitiriam a queda do preço do botijão de gás para o consumidor em até 15%. A primeira medida envolve a retirada do custo do frete na formação do preço dos 70% do volume consumidor no país e que é produzido internamente.

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Outra sugestão seria que a Petrobras adotasse uma política de reajuste de preços baseada na taxa de câmbio média do real frente ao dólar para um período de seis meses. A medida serviria para reduzir a volatilidade do câmbio na determinação do preço do botijão.

Por sua vez, a Petrobras rebate tais sugestões afirmando que a redução da margem das distribuidoras, que de acordo com a Petrobras seria responsável por 50% do custo do produto, também contribuiria para reduzir o preço ao consumidor.

Esta visão é compartilhada pela Federação dos Revendedores de GLP (Fergás), que acusa os custos de distribuição como os principais responsáveis pelo alto custo do botijão. A sugestão da Federação seria terminar com a exclusividade de bandeira, que obriga o revendedor a vender botijões de um só fornecedor. A Fergás lembra que cerca de 95% do mercado é atendido por apenas seis empresas.