Edifício ‘A Noite’, símbolo do Rio, é vendido por R$ 36 mi para virar residencial com 447 apês

Imóvel abrigou a Rádio Nacional por décadas e, após reforma, vai ter mais 3 lojas e centro cultural

Agência Brasil

Edifíco 'A Noite' (Beth Santos/Prefeitura RJ)

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O Edifício Joseph Gire, de 22 andares, conhecido como “A Noite”, que abrigou a Rádio Nacional do Rio e o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) foi vendido à iniciativa privada, anunciou a Prefeitura do Rio nesta terça (25). O comprador, um investidor privado, transformará o prédio em um residencial com 447 unidades e, no térreo, vai criar espaços para três lojas.

Foram analisadas quatro propostas de compra, e o escolhido foi o grupo QOPP Incorporadora, que ofereceu R$ 36 milhões, além de 50% do potencial adicional gerado pelas regras do Reviver Centro (plano de recuperação urbanística, cultural, social e econômica da região central do Rio), estimado em mais de R$ 24 milhões.

Em frente à Baía de Guanabara, o edifício tem uma vista privilegiada de toda a cidade e de lá se avista o Dedo de Deus, pico localizado em Teresópolis, na região serrana do Rio. Nos últimos anos, no entanto, o edifício estava em situação de abandono.

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Edifício histórico

Nos áureos tempos do rádio, o prédio abrigou a partir de 1936 a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que ocupava os 4 últimos andares do edifício. Pelos corredores dos quatro andares ocupados pela emissora, passaram grandes artistas da cultura popular brasileira, como Emilinha Borba, Marlene, Dalva de Oliveira, Luiz Gonzaga, Cauby Peixoto, Elizeth Cardoso. Entre tantos outros.

Os programas de auditório com César de Alencar e Paulo Gracindo, as novelas que marcaram época e paravam o Brasil, a exemplo do Repórter Esso, o primeiro jornal radiofônico, com quatro edições diárias na voz marcante de Heron Domingues. O slogan era “Aqui fala o Repórter Esso, testemunha ocular da história”. A Rádio Nacional permaneceu operando no “A Noite” até 2012, quando desocupou o imóvel para a realização de reformas.

Antes, o edifício era endereço do Jornal A Noite e também do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O primeiro arranha-céu do país foi construído com óleo de baleia e sobre rochas.

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Durante a Segunda Guerra, o último andar funcionava como um posto de observação da Marinha, com dois funcionários que se revezavam e, através de um binóculo potente, vigiavam a possível entrada de embarcações inimigas do mar aberto para a Baía de Guanabara.

O prédio foi tombado em 2013 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) pelas suas características arquitetônicas e históricas e se tornou ícone da região portuária da cidade.

Projeto

O projeto prevê ainda acesso público ao terraço, em um futuro restaurante com vista para a Praça Mauá, e um centro cultural da Rádio Nacional. As obras têm previsão de início no segundo semestre de 2024.

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A negociação é um marco na revitalização da região central do Rio. O prédio é um ícone da cidade na Praça Mauá, coração do Porto Maravilha, ao lado do Centro. O entorno já revitalizado pelas obras do Porto deve ganhar ainda mais potencial com a venda do edifício, que fica em endereço privilegiado, em frente ao museu mais visitado do Brasil e símbolo da renovação da área: o Museu do Amanhã.

Arquitetos responsáveis pelo novo projeto do Edifício A Noite, Duda Porto e André Alvarenga ressaltaram que o maior desafio dessa iniciativa foi resgatar toda a história do prédio.

“Era inevitável proporcionar isso aos cariocas e aos turistas que visitam o Rio, essa vista perfeita. Partindo desse princípio, nos andares superiores teremos um restaurante para que a gente possa ter a presença do público. Haverá um elevador próprio. Vai trazer movimento e vida ao empreendimento”, disse Duda Porto.