Demora para resolver apagão reflete esvaziamento da Eletrobras após privatização, afirma CNE

Identificação das causas e recomposição do sistema vão demorar por redução do quadro de pessoal, aponta entidade

Estadão Conteúdo

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A demora para a divulgação da causa do apagão que afetou as regiões Norte e Nordeste, além de outras localidades nas demais regiões do país, é reflexo da privatização da Eletrobras, segundo Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), que culpa também a venda da empresa pelo incidente que deixou sem luz grande parte do Brasil.

“A identificação das causas do apagão anunciado poderá demorar mais devido à falta de quadro técnico experiente e capacitado alvo dos desligamentos (de pessoal) desenfreados por parte da Eletrobras”, acusa o CNE em nota.

“Da mesma forma, o tempo de recomposição do sistema será maior, pois a redução drástica do quadro de pessoal em todas as empresas da Eletrobras traz essa consequência”, adicionou.

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Os eletricitários lembram que na ocasião dos vandalismos em torres de transmissão, em janeiro deste ano, a própria direção da Eletrobras foi obrigada a retardar a saída de quadros técnicos experientes para lidar com a situação.

Em teleconferência com analistas sobre dados do segundo trimestre deste ano, o então presidente Wilson Ferreira Jr. admitiu que a saída de empregados poderia ser adiada por falta de substituição.

“Apesar de reconhecer a fragilidade, falou mais alto o discurso de redução de despesas com pessoal. Essa é a triste realidade imposta pela privatização inconsequente da Eletrobras”, disse o CNE.

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De acordo com os eletricitários, foram feitos vários alertas sobre os riscos das demissões e, no último dia 20 de julho, o próprio Ministério de Minas e Energia pediu a suspensão das demissões, preocupado com o sistema elétrico brasileiro, devido à saída de profissionais qualificados e os reflexos para a prestação de serviços. Até o momento, porém, não houve resposta.

O CNE também comentou sobre a substituição do presidente Wilson Ferreira Pinto Jr. por Ivan Monteiro, presidente do Conselho de Administração da companhia, que, ao contrário de Ferreira Jr., desconheceria o setor elétrico e teria ligações com o grupo de acionistas da 3G.

A entidade termina a nota cobrando do Superior Tribunal Federal (STF) que avalie a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7.385, que modifica a situação da União na ex-estatal, onde permanece com 43% das ações, mas com poder de voto de 10%, como todos os outros acionistas. Com mais voz dentro da empresa, o governo pretende evitar o esvaziamento da companhia.

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