Cruzeiros ampliam suspensão das atividades no Brasil até início de fevereiro

Anúncio acontece após recomendação da Anvisa de encerrar a atual temporada no país

Mariana Zonta d'Ávila

Mulher fotografa navio Costa Fascinosa, que não será mais usado neste ano em cruzeiros no Brasil (Fernando Frazão/Agência Brasil)

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A Associação Brasileira de Navios de Cruzeiros (CLIA Brasil) anunciou nesta quinta-feira (13) que vai estender o prazo de suspensão voluntária das operações nos portos do Brasil até o dia 4 de fevereiro.

Segundo comunicado, a medida tem como objetivo a continuidade das discussões com as autoridades competentes a fim de alinhar as medidas necessárias para a retomada das atividades.

Na quarta (12), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou a suspensão definitiva da temporada de navios de cruzeiro no Brasil. A medida foi tomada após verificação do “aumento exponencial” de casos de Covid-19 nessas embarcações, principalmente entre os tripulantes. A recomendação foi encaminhada ao Ministério da Saúde e à Casa Civil.

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“A Anvisa entende que o cenário atual é desfavorável à continuidade das operações dos navios de cruzeiro. Nesse sentido, com fundamento no princípio da precaução e a partir de todos os dados disponíveis, recomendou a suspensão definitiva da temporada de navios de cruzeiro no Brasil, como ação necessária à proteção da saúde da população”, informou, em nota.

Segundo a agência, até o dia 6 foram reportados 1.177 casos positivos de Covid-19 entre tripulantes e passageiros, caracterizando um forte aumento de casos nos navios.

No Brasil, os protocolos atuais exigem que todos os hóspedes estejam com o ciclo vacinal completo e apresentem testes negativos antes do embarque. Há ainda testagem contínua a bordo, uso obrigatório de máscara, distanciamento social e menor ocupação dos navios, entre outros.

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Em nota, a CLIA Brasil afirma que quando os casos de Covid são identificados a bordo, os protocolos dos navios de cruzeiro ajudam “a maximizar a contenção com procedimentos de resposta rápida”. Além disso, pontua a associação, os cruzeiros são o único setor que monitora, coleta e relata continuamente informações de casos diretamente aos órgãos governamentais.

“Dada essa supervisão e a taxa excepcionalmente alta de vacinação exigida a bordo, a incidência de doenças graves é dramaticamente menor do que em terra, e as hospitalizações têm sido extraordinariamente raras”, argumenta a CLIA Brasil.

“Os membros da CLIA continuarão a trabalhar em conjunto com as autoridades, sempre guiados pela ciência e pelo princípio de colocar as pessoas em primeiro lugar, com medidas comprovadas que são adaptadas conforme os cenários e que garantem a proteção da saúde dos passageiros, tripulantes e das comunidades que recebem os cruzeiros”, completa.

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Impacto econômico

De acordo com a associação do segmento, a expectativa era de que a temporada de cruzeiros, que começou no Brasil em novembro de 2021, movimentasse mais de 360 mil turistas, com impacto de R$ 1,7 bilhão, além da geração de 24 mil empregos.

Segundo estudo da CLIA Brasil em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), cada navio gera em torno de R$ 350 milhões de impacto para a economia brasileira.

Aumento de casos de Covid-19

No último dia de 2021, em meio ao aumento do número de casos de Covid-19 em embarcações de navios, a Anvisa recomendou a suspensão provisória da temporada de cruzeiros no país.

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Nos dias que antecederam a decisão, o navio MSC Splendida, atracado no Porto de Santos (SP), e o navio Costa Diadema, atracado em Salvador, interromperam as atividades devido a surtos de Covid-19 a bordo.

Segundo a Agência, foram registrados nos primeiros dias de janeiro 798 casos do vírus. A título de comparação, em 55 dias de temporada, até 25 de dezembro de 2021, apenas 31 casos haviam sido confirmados.

Se considerado o período de início da temporada — 1º de novembro de 2021 — o número subiu para 829 casos até a última terça (4). Do total de casos confirmados no período, 60% foram referentes a tripulantes.