Como clientes Nextel e Claro serão afetados pelo acordo entre as empresas

A Claro deve incorporar os clientes da Nextel, ainda que os detalhes da migração não tenham sido anunciados. Segundo advogados especializados em direito do consumidor, os pacotes contratados deveriam ser mantidos

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – A Nextel Brasil anunciou na última segunda-feira (18) um acordo de venda das suas operações para a mexicana América Móvil, dona da Claro no Brasil. O valor total do negócio é de US$ 905 milhões (equivalente a R$ 3,47 bilhões), em bases livres de dívida e caixa.

As duas controladoras atuais da operadora, que é a quinta maior do país, concordaram com a venda. Atualmente, a NII Holdings detém 70% da Nextel Brasil, e a AI Brazil Holdings os outros 30%.

A operação ainda está em vias de aprovação oficial, mas, de acordo com especialistas, tudo indica que vai acontecer uma migração dos clientes Nextel para a Claro no território nacional. E a dúvida que fica para muitos consumidores é a situação das suas contas com a aquisição anunciada.

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Contatada pelo InfoMoney, a assessoria da Nextel afirmou que ainda não tem informações suficientes da negociação e não irá se posicionar sobre o assunto.

No entanto, segundo o advogado especialista em direito do consumidor Ricardo Sordi, não há motivos para o consumidor se preocupar.

Com a aquisição da Nextel pela dona da Claro, “não há risco para os consumidores se levarmos em consideração que a empresa adquirente deve manter na íntegra os contratos em vigor dos clientes e assumirá direitos e deveres relativos a eles, sem qualquer supressão de direitos”.

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Guilherme Martin, advogado do PG Advogados, complementou que essa condição “é mandatória”.

“Se o cliente possui 10MB de internet, deverá permanecer com a mesma quantidade de dados, preço e condições anteriormente contratadas. Isso permanece até que o cliente queira cancelar ou receba uma oferta de outros pacotes já adequados às novas condições. Nesse momento o consumidor não precisa se preocupar porque a empresa é obrigada a cumprir o contrato”, garante.

A dica para o consumidor é ficar atento ao contrato. Ou seja, verificar se não houve nenhuma alteração dos pacotes de serviços, dos valores cobrados e da qualidade do serviço. “Essa é mais uma precaução para garantir os direitos contratados porque geralmente a empresa é obrigada a garantir os serviços já em operação”, explica Martin.

Martin pondera e explica que o que pode acontecer é uma oscilação na qualidade do sinal. “Hoje, a Nextel usa as antenas da Vivo para funcionar. Com a migração, toda a rede também usará as antenas da Claro. Isso sim pode ser sentido pelo consumidor. No entanto, é uma questão de adaptação temporária”, diz.

Além disso, se for comprovada alguma quebra de direito do consumidor e demais legislações com essa migração, o cliente poderá reclamar primeiro com a própria empresa e, caso não se resolva, por meio de denúncia junto à Anatel e ao Procon. Se mesmo assim, não for solucionado o problema, deve buscar o Judiciário. “Poderá exigir o cumprimento do contrato e também indenização caso comprovados os prejuízos sofridos”, afirma Sordi.

Nesse caso de violação de direitos, segundo Martin, o mais mais importante é que o consumidor esteja realmente certo que seus direitos foram violados, trazendo a maior quantidade de documentos possível para formalizar a reclamação.

“Nossa experiência mostra que, mesmo para resolução de conflitos, o melhor caminho é o acordo. Primeiro porque a solução normalmente é mais rápida. Segundo porque normalmente, fica melhor para ambas as partes”, diz.

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Segundo Martin, a migração de clientes Nextel-Claro é automática e feita pela empresa. “É fundamental que o consumidor não sinta impacto algum da migração. Nessa operação não cabe nenhum tipo de ônus como: envio de documentação ou mesmo comparecimento em algum estabelecimento para qualquer fim. E o consumidor deve ser comunicado sobre cada etapa”, diz.

A recomendação é que a empresa reforce os canais de comunicação em massa para que o cliente Nextel saiba que agora ele pertence ao Grupo Claro e todos os benefícios que ele ganhará com isso. Para ele, em uma fusão com tantos consumidores envolvidos, é fundamental que haja transparência.

“Por isso, espera-se que a fusão seja realizada da mesma maneira como quando o Grupo Claro adquiriu a operadora NET ou como aconteceu recentemente com a companhia de energia daqui da cidade de São Paulo que deixou de ser Eletropaulo e passou a ser administrada pela Enel”, diz Martin. Em ambos os casos, o consumidor não precisou fazer nada – tudo ocorreu automaticamente.

Vale reforçar que ainda não se sabe com certeza se a migração irá acontecer. Nesse primeiro momento, tudo deve se manter como está, já que é uma questão contratual. Mas de acordo com o especialista da PG Advogados, com o passar do tempo, é possível que os clientes Nextel até acabem se beneficiando dos pacotes Claro, por exemplo.

“O que a gente vê bastante no mercado é que a empresa que adquire outra do mesmo segmento acaba criando serviços diferenciados para atender aquele público que está chegando a companhia. Dessa forma, é possível que a Claro esteja desenvolvendo soluções mais interessantes para o perfil de cliente que chega com a Nextel”, explica.

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.