Cidade de São Paulo vive um ‘drama’ para produzir imóveis, diz Secovi

Presidente do Secovi-SP diz que atualmente a 'conta fecha' para um projeto imobiliário em apenas 3% da cidade: 'Há 20 anos eram 20% a 25%'

Estadão Conteúdo

Vista aérea da cidade de São Paulo (Foto: Divulgação/Diogo Moreira/MáquinaCW/Governo de São Paulo)

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O presidente-executivo do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), Ely Wertheim, afirmou que a capital paulista vive um “drama” para a produção de imóveis, em função da falta de atualização do plano diretor. Para Wertheim, o mercado paulistano sofre com insegurança jurídica e falta de terrenos — o que tem culminado na elevação dos preços dos imóveis.

“Há 20 anos, nem é muito tempo assim, em 20% a 25% do território da cidade era possível fazer um projeto imobiliário e a conta fechava. Hoje são apenas 3%”, afirmou Wertheim na quinta-feira (25), ao criticar as restrições para construções na capital paulista. “Isso tem criado problemas para produção no mercado”.

O presidente do Secovi-SP falou sobre outro drama para o mercado imobiliário: a disparada nos custos dos materiais. Ele disse que “as pessoas não têm renda para acompanhar a evolução do INCC”, mas que nesse caso há perspectiva de desaceleração no ritmo de alta nos preços.

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O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) é um indicador de inflação usado no mercado imobiliário e na construção civil. O INCC-M subiu 0,33% em agosto (uma desaceleração em relação a julho, quando havia subido 1,16%), e com isso acumula alta de 8,80% no ano e de 11,40% em 12 meses.

Apartamentos compactos

O presidente do Secovi-SP disse também que o grande número de apartamentos compactos (plantas inferiores a 40 m² ou 30 m², com um dormitório ou do tipo estúdio) é uma consequência de problemas no campo legal, combinado com o avanço de empreendimentos econômicos, dentro do programa Casa Verde e Amarela (o antigo Minha Casa Minha Vida.

“Tem na cidade de São Paulo uma deficiência de legislação. Essas unidades menores, de um dormitório, parte é demanda, é verdade, parte é Casa Verde e Amarela”, disse o executivo. “Isso é 40% da oferta, 50%, e parte é uma distorção da lei, que nos obriga a fabricar unidades muito menores, sem vaga, para termos unidades maiores com mais de uma vaga”.

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Ele disse que “em alguns lugares vai funcionar [esse modelo], porque são bairros mais centrais, como Jardins ou Pinheiros. Em outras localidades menos óbvias, vamos ter problemas. Com o tempo, o casal vai querer ter filhos”. “Parte dessas unidades de 30 m² vai ser um problema. Não é uma quantidade enorme, porque dessa oferta parte é Casa Verde e Amarela. Parte vai funcionar, e parte não vai funcionar tão bem”.

Projetos parecidos

Wertheim falou também sobre os projetos parecerem tão parecidos aos olhos da população em termos de plantas, fachada e arquitetura e disse que o motivo é a demora no processo da produção (desde a compra de terrenos, licenciamento e montagem do estande até a entrega da obra).

Isso leva muito tempo, e podem surgir mudanças nas tendências de consumo. “Demora muito para colocar um empreendimento em campo. A gente planeja um empreendimento e ele vai entrar em campo daqui a dois ou três anos. Às vezes o mercado tem medo de fazer coisas diferentes”.