Chocolate de Dubai: por que caiu na boca do povo e fez o preço do pistache disparar?

Os responsáveis por esse caos gastronômico são a barra de chocolate Can’t Get Knafeh of It (trocadilho em inglês para "Não Consigo Largar o Knafeh") e uma influenciadora do TikTok

Lucas Gabriel Marins Agências de notícias

Dubai chocolate  with green kataifi and pistachio paste. Trend dessert
Dubai chocolate with green kataifi and pistachio paste. Trend dessert

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Uma barra de chocolate produzida nos Emirados Árabes Unidos desencadeou uma corrida mundial pelo doce – com versões sendo produzidas e comercializadas em diversos países, inclusive no Brasil – e provocou a disparada no preço do pistache, ingrediente essencial da receita original.

Os responsáveis por esse “caos “gastronômico” são a barra Can’t Get Knafeh of It (trocadilho em inglês para “Não Consigo Largar o Knafeh”) e uma influenciadora do TikTok. O doce é feito pela boutique FIX Chocolatier, em Dubai.

A história começou em 2021, quando a barra – que combina pistache, chocolate ao leite e massa folhada – foi idealizada por Sarah Hamouda, fundadora da marca, ao lado do marido Yezen Alani. Na época, Sarah estava grávida e teve desejo por sabores semelhantes aos do doce. Um ano depois, a criação, inspirada na sobremesa árabe knafeh, ganhou vida.

Em dezembro de 2023, uma influenciadora chamada Maria Vehera publicou um vídeo no TikTok provando a iguaria. A gravação, que viralizou e já ultrapassa 120 milhões de visualizações, ajudou a desencadear a febre global pelo doce, a criação de diversas versões e a disparada no preço do pistache.

Do Reino Unido a São Paulo

A barra era vendida apenas nos Emirados Árabes, por cerca de R$ 115, e só podia ser encomendada via aplicativo de entregas. Mas, com o sucesso repentino, marcas de todo o mundo passaram a lançar suas próprias versões.

A fabricante suíça Lindt, por exemplo, lançou seu próprio chocolate de Dubai por 10 libras (aproximadamente R$ 77) no Reino Unido. Já a Cacau Show oferece uma alternativa por R$ 40 em São Paulo, enquanto restaurantes árabes na cidade brasileira têm suas próprias versões por R$ 200, segundo reportagem da BBC.

Os criadores da versão original afirmaram à imprensa que se sentem honrados por verem como a empresa inspirou o mercado global de chocolates, mas demonstram preocupação com a possibilidade de outras marcas estarem explorando indevidamente sua identidade.

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Crise do pistache

O sucesso inesperado teve impacto direto no mercado de ingredientes. O preço do pistache sem casca subiu de US$ 7,65 por cerca de 450 gramas há um ano para cerca de US$ 10,30 hoje, disse Giles Hacking, trader de nozes da empresa CG Hacking, ao jornal Financial Times.

“Já não havia muito (pistache) disponível. Então vem o chocolate de Dubai e [os chocolatiers] começam a comprar todos os pistaches possíveis… isso deixa o resto do mundo na mão”, afirmou Hacking ao veículo, citando que os estoques estavam baixos após uma safra decepcionante nos Estados Unidos, principal exportador mundial do fruto.

Leia também: Cacau atinge mínimas em 4 meses e vai abaixo de US$ 8 mil a tonelada

O Irã, segundo maior produtor mundial, informou para o veículo que aumentou em 40% suas exportações de pistache para os Emirados Árabes nos seis meses até março deste ano, em comparação com os 12 meses anteriores.